Lançamento mundial, Os Marvels traz uma história emocionante sobre as relações afetivas, tendo o teatro como pano de fundo
Em 1766, um navio naufraga durante a encenação de uma peça, deixando como únicos sobreviventes Billy Marvel e seu cão. O garoto se tornará o primeiro de uma família de atores brilhantes, que encantará as plateias do Teatro Real de Londres por várias gerações até o ano de 1900, quando seu tataraneto, o jovem Leo Marvel, é expulso dos palcos.
Quase um século depois, em 1990, outro jovem chega sozinho a Londres, fugindo do colégio interno. Joseph Jervis busca um tio desconhecido e acaba se deparando com um homem excêntrico, que vive numa casa congelada no tempo.
Se à primeira vista as duas narrativas — a primeira (com quase quatrocentas páginas) em imagens, a segunda em texto — parecem desconexas, aos poucos as relações vão ficando evidentes, propondo ao leitor uma reflexão sobre como podem ser tênues as relações entre ficção e realidade.
Com o mesmo poder de sedução de seus livros anteriores – A invenção de Hugo Cabret e Sem fôlego, best-sellers premiados de grande sucesso mundial -, Os Marvels envolve o leitor pelo enredo intrigante e pelo ritmo de aventura.
Mas também, e, sobretudo, por ser uma história capaz de emocionar profundamente – sem recorrer à pieguice ou apelos fáceis -, pois aborda de modo natural e delicado as relações afetivas, tanto as de amizade como as familiares (inclusive as homoafetivas).
Para completar, as magníficas ilustrações a lápis, plenas de detalhes e baseadas em sólida pesquisa histórica e museológica, reproduzem fielmente elementos arquitetônicos, decorativos, teatrais e náuticos, bem como vestuários e contextos urbanos, constituindo uma rica narrativa visual que, unida à excitante história, compõe uma obra completa e sutil, com diferentes camadas de leitura.
Uma curiosidade: a história do livro foi fortemente inspirada na Dennis Severs’ House, uma espécie de museu em Londres, que recria o que seria a vida de uma família do século XVIII. Na verdade, tanto a casa como a história são criações do artista Dennis Severs, que, por meio de sons, cheiros, disposição de objetos etc., conseguiu criar um ambiente em que os visitantes têm a impressão de que a família habita realmente a residência.