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quinta-feira, 28 março, 2024

Aumento nos custos da construção persiste

“Nossa expectativa é de que no próximo ano o crescimento será sustentado pelas obras que já estão contratadas”

Por Paulo Baraona

A indústria da construção vem registrando aumentos persistentes nos custos do setor. Segundo estudo elaborado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), de janeiro a novembro deste ano, o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) subiu 13,46%. O indicador está em seu maior patamar desde 2003.

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Desde o início do segundo semestre de 2020 os materiais de construção vêm registrando forte aceleração. O INCC Materiais e Equipamentos registrou aumento de 42,25% de julho de 2020 a novembro deste ano. Neste período, os insumos que apresentaram as maiores elevações foram: vergalhões e arames de aço ao carbono (+92,44%), condutores elétricos (+72,10%), tubos e conexões de PVC (+69,09%), eletroduto de PVC (+53,94%), esquadrias de alumínio (+44,40%), compensados (+43,32%), produtos de fibrocimento (+39,53%) e tijolos e telhas cerâmicas (+38,75%).

Contudo, apesar da elevação constante nos insumos, a construção está se recuperando de forma lenta, já que o desempenho apresentado nos últimos 10 anos não foi bom. Mesmo assim, o setor ainda está 27,44% inferior ao seu pico de atividades, alcançado no início de 2014.

Recuperou-se também parte das vagas de empregos perdidas nos últimos anos. Nos primeiros 10 meses do ano foram criados cerca de 285 mil novos empregos formais no setor, de acordo com dados do Ministério do Trabalho. Com os saldos positivos recentes, a construção chega a quase 2,4 milhões de trabalhadores com carteira assinada no País, patamar que não era alcançado desde 2016.

Este cenário se mantém também no Espírito Santo, onde registrou-se um saldo positivo de 4.952 empregos formais de janeiro a outubro deste ano, chegando ao total de 51.820 trabalhadores formais.

Em 2021, o mercado imobiliário registrou incremento nos lançamentos e vendas no Estado. O número de unidades lançadas de janeiro a setembro chega a 3.762. O ponto de preocupação está no preço dos imóveis, que deve sofrer reajuste nos próximos meses, já que o preço não acompanhou o aumento do INCC.

Quando avaliamos concessão de crédito imobiliário com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no País, percebemos uma queda significativa em 2021, tanto em valor financiado, com queda de 14,10% (até 9 de dezembro em relação ao total do ano anterior), quanto no número de unidades financiadas, que caiu 17,05% na mesma base de comparação.

Os índices demonstram o impacto nas famílias de mais baixa renda, onde está concentrado 90% do déficit habitacional.Para 2022, o estudo da CBIC projeta um crescimento de 2% na construção, caso a economia brasileira cresça entre 0,5 e 1,0%. O crescimento inferior ao de 2021 se deve, de acordo com a entidade, pela alta das taxas de juros dos financiamentos, a queda do poder de compra da população e o mercado de trabalho fragilizado.

Nossa expectativa é de que no próximo ano o crescimento será sustentado pelas obras que já estão contratadas e, especialmente, pelo incremento nos investimentos públicos e privados em infraestrutura, principalmente em programas de logística e transporte.

Paulo Baraona é presidente do Sinduscon-ES.

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