Por 12 votos a 6, deputados mantiveram veto a proposta que instituía o dia 8 de janeiro como Dia do Patriota
Por Robson Maia
A Assembleia Legislativa (Ales) manteve o veto do governador Renato Casagrande (PSB) ao Projeto de Lei que instituía o dia 8 de janeiro como Dia do Patriota no Espírito Santo. A decisão pelo arquivamento da proposta aconteceu em sessão extraordinária realizada nesta quarta-feira (22).
No último mês, Casagrande seguiu a recomendação da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e vetou o texto encaminhado pelo Legislativo estadual. Na justificativa, o gestor referendou apontamentos da PGE sobre aspectos inconstitucionais na matéria.
O levantamento do Procuradoria citava ainda decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), como o caso em que a Suprema Corte brasileira suspendeu os efeitos de uma lei similar criada no município de Porto Alegre (RS).
Na decisão do Governo do Espírito Santo, consta ainda a inexistência de qualquer objeção para a criação de uma data que vise celebrar o Dia do Patriota. Segundo o Executivo, “o patriotismo é um valor cívico que pode, e deve, ser incentivado pelo Estado”.
Como prevê a constituição, em casos de matérias vetadas pelo Executivo, o texto retorna ao Legislativo, que poderá revisá-lo e promulgá-lo, de acordo com a decisão dos deputados. No entanto, para derrubar o veto são necessários 16 votos pelo menos. O placar entre os presentes foi 12 votos a 6 pela manutenção do veto. Com isso, a matéria foi arquivada.
Sessão teve discussões entre parlamentares
Durante a sessão, o autor da proposta, deputado Lucas Polese (PL), voltou a defender a constitucionalidade da proposta e reforçou a importância do reconhecimento da data.
“Sempre defendi que quem tem responsabilidade em qualquer ato de vandalismo tem de responder e tem de pagar”, contou. “A gente sabe que teve morador de rua meses preso sem culpa, não teve individualização de pena. A gente teve um patriota que morreu lá dentro sem individualização de pena”, exemplificou.
Os deputados Tyago Hoffmann (PSB), Camila Valadão (Psol), Iriny Lopes (PT) e Sergio Meneguelli (Republicanos) se pronunciaram contra a proposição.
Tanto Hoffmann quanto Meneguelli ressalvaram não ter nada contra o estabelecimento de um “Dia do Patriota”. A crítica de ambos foi direcionada à escolha do dia 8 de janeiro. “Foi um dia triste para a nossa democracia”, afirmou o Hoffmann ao falar da invasão da sede dos três Poderes, em Brasília.
Meneguelli chegou a sugerir que a escolha do dia mudasse para 9 de janeiro, o famoso “Dia do Fico”, referência a 1822, quando o príncipe Dom Pedro I abdicou o trono português para conduzir o processo de independência do Brasil, meses mais tarde, em 7 de setembro. O deputado criticou a polarização entre direita e esquerda em torno do assunto.
Camila Valadão classificou como um “escárnio” comparar os atos de vandalismo ocorridos naquele dia ao patriotismo.
“Na verdade aquilo é mais uma vez a demonstração do antipatriotismo, do antinacionalismo, além de uma tentativa orquestrada de golpe”, opinou a parlamentar do Psol.
Por outro lado, deputados de oposição ao governo rechaçaram essa interpretação. O líder do bloco que reúne PRD, PL e Republicanos, Coronel Weliton (PRD) orientou os membros a votarem pela derrubada do impedimento aposto pelo Executivo.
“Temos que saber verdadeiramente o que aconteceu em Brasília no dia 8”, afirmou o parlamentar.
Votaram a favor do veto:
- Allan Ferreira (Podemos)
- Camila Valadão (Psol)
- Dary Pagung (PSB)
- Dr. Bruno Resende (União)
- Gandini (PSD)
- Irini Lopes (PT)
- João Coser (PT)
- Mazinho dos Anjos (PSDB)
- Raquel Lessa (Progressistas)
- Sergio Meneguelli (Republicanos)
- Tyago Hoffmann (PSB)
- Zé Preto (Progressistas)
Votaram contra o veto:
- Alcântaro (Republicanos)
- Callegari (PL)
- Capitão Assumção (PL)
- Coronel Weliton (PRD)
- Danilo Bahiense (PL)
- Lucas Polese (PL)