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terça-feira, 23 abril, 2024

Apesar das adversidades, o agronegócio capixaba tem o que comemorar

Somente de janeiro a agosto deste ano, o agronegócio rendeu ao Espírito Santo quase R$ 5 bilhões

Por Luciene Araujo e Marcelo Rosa

Nos oito primeiros meses de 2021, as atividades agrícolas desenvolvidas em terras capixabas renderam US$ 903 milhões, o que corresponde a 4,7 bilhões de reais.

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Nesse período, os produtos florestais lideraram as exportações, acumulando faturamento superior a 400 milhões de dólares. Já o café ficou em segundo lugar, com US$ 343. 667.863. E o produtores de chá conquistaram um faturamento de US$ 104.394.618.

Apesar das adversidades, café obteve conquistas

Preferência nacional e na contramão das dificuldades enfrentadas para a exportação, ocasionadas pela falta contêineres, o café, ainda assim, conseguiu ‘roubar a cena’ no agronegócio do Espírito Santo, em 2021. O produto obteve nada menos do que três registros de Indicação Geográfica no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Desde 02 de fevereiro, de acordo com a assessoria do Sebrae/ES, o Café do Caparaó tem a IG oficialmente registrada no INPI. Na prática, a primeira IG do Espírito Santo na modalidade ‘Denominação de Origem’ (DO), destaca a qualidade e notoriedade do café produzido na região.

Apesar das adversidades, o agronegócio capixaba tem o que comemorar
Espírito Santo é o maior produtor nacional de café conilon – Produção aproximada em 10 milhões de sacas/ano. – Área quase em 300.00 ha, ou seja, mais de 20% da produção mundial do produto. O café conilon é o principal produto agrícola do Estado, sendo responsável pela geração da maior parte da renda e dos empregos do meio rural.

O trabalho que resultou no registro foi estruturado pelo Sebrae/ES, em conjunto com diversos parceiros, como Incaper, Ifes, Caparaó Junior, Emater/MG, Embrapa, Ministério da Agricultura, Sicoob, prefeituras, entre outros, com consultoria do Instituto Inovates.

O processo de estruturação de uma DO requer vários documentos técnicos/científicos, projetos e estudos para comprovar a vinculação do produto daquele território específico ao meio geográfico, ao chamado “terroir”, bem como a influência que os saberes e a cultura da região exercem sobre o produto final.

Mercado internacional

Entre os diversos benefícios da formalização do registro, além da valorização do produto e da região, há a promoção junto ao mercado internacional. O acordo Mercosul União Europeia, por exemplo, possibilita o reconhecimento mútuo das IG das partes envolvidas, trazendo ganhos para as IG nacionais.

Para o produtor e presidente da APEC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Caparaó), Jorge Araújo Santos, esse reconhecimento é um marco na cafeicultura da região e também para os produtores. “Nós temos um produto de qualidade, com ‘terroir’ diferente, que vai conquistar ainda mais o Brasil e o mundo, como já vem conquistando seu espaço e seu lugar. Esse é um ganho para todos nós, e vai contribuir para o crescimento da região”, comemorou.

Apesar das adversidades, o agronegócio capixaba tem o que comemorar
Fonte: Incaper

A área geográfica da Denominação de Origem do Café do Caparaó envolve dez municípios do Espírito Santo e seis de Minas Gerais. Do lado capixaba: Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçuí, Alegre, Muniz Freire, Ibitirama, Iúna, Irupi, Ibatiba e São José do Calçado. Do lado mineiro: Espera Feliz, Caparaó, Alto Caparaó, Manhumirim, Alto Jequitibá e Martins Soares.

A hora do Café das Montanhas…

Já no dia 4 de maio, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial publicou, na Revista da Propriedade Industrial (RPI), a concessão da Indicação Geográfica (IG), na espécie Denominação de Origem (DO), para os cafés produzidos nas Montanhas do Espírito Santo.

A região é formada por 16 municípios capixabas (Afonso Claudio, Alfredo Chaves, Brejetuba, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Iconha, Itaguaçu, Itarana, Marechal Floriano, Rio Novo do Sul, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Santa Leopoldina, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante).

…A vez do Conilon

Em 11 de maio, o Espírito Santo conquistou mais uma Indicação Geográfica (IG), agora para o Café Conilon, na categoria de Indicação de Procedência (IP). Trata-se da primeira IG do Brasil que abrange a produção de conilon em um estado inteiro, representando um alcance inédito.

Apesar das adversidades, o agronegócio capixaba tem o que comemorar
O ES é o maior produtor nacional de pimenta-do-reino, desde 2018, e a Ufes se destaca em pesquisas sobre a espécie. Foto: Divulgação Incaper

A assessoria do governo do Estado informa que a solicitação da IG foi realizada pela Federação dos Cafés do Espírito Santo (Fecafés), em janeiro de 2020, e a concessão foi dada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial. A publicação do INPI conclui a comprovação de que o nome geográfico Espírito Santo se tornou conhecido pela produção de café conilon.

Arábica

As exportações de café arábica pelo Espírito Santo registram maior volume apurado, em 2021. Mas, a comercialização internacional total caiu em outubro.

O presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Marcio Candido Ferreira informa que as 336 mil sacas exportadas em outubro deste ano, representaram uma queda de 14% relação a setembro. Mas, desse montante, foram exportadas 111 mil sacas de arábica, o que representa 16% a mais que o mês de setembro, melhor volume mensal dessa espécie para o ano de 2021.

Marcio Candido revela que a receita obtida com a exportação da espécie, em outubro, foi superior a 22,6 milhões de dólares, 46% a mais que o mesmo mês de 2020. O conilon, por sua vez, registrou mais de 200 mil sacas exportadas, volume 26% inferior ao mês de setembro. A receita obtida com a exportação da espécie, em outubro, acumulou mais de 22 milhões de dólares (mais de 38% inferior ao mesmo mês de 2020).

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O mamão está entre as sete primeiras frutas da pauta de exportação do Brasil. E o Espírito Santo continua sendo o maior exportador dessa fruta, basicamente para países da União Europeia. Foto: Divulgação

O solúvel, por sua vez, de acordo com o presidente do CCCV, apurou uma queda de 3% em relação a setembro, registrando uma exportação de 25 mil sacas. A receita obtida com a exportação de solúvel em outubro, foi de mais de 2,6 milhões de dólares, o que representa uma queda de 5% em relação a setembro.

Comparadas a outubro do ano passado, as quedas foram de mais de 26% para o arábica, mais de 55% para o conilon e de 24% para o solúvel. No acumulado de 2021, foram exportadas, pelo porto de Vitória, mais de 4 milhões de sacas, o que representa 26% a menos que o mesmo período de 2020.

Na chamada decomposição por espécie, esclarece Marcio Candido, foram exportadas mais de 800 mil sacas de arábica (18% a menos do que no mesmo período de 2020), quase 2,9 milhões de sacas de conilon (30% a menos do que o acumulado no ano anterior) e mais de 310 mil sacas de solúvel. A receita obtida com as exportações de café pelo porto de Vitória, em 2021, já soma mais de 415 milhões de dólares (o que representa uma queda de mais 10% em relação ao mesmo período do ano passado), sendo mais de 264 milhões de dólares referente ao conilon, mais de 115 milhões de dólares referente ao arábica e o restante proveniente da exportação de solúvel.

Mamão

À sombra da produção de café, está a de mamão, no Espírito Santo. O Estado segue como o maior exportador dessa fruta, basicamente para países da União Europeia. A produção capixaba gira em torno de 50 t/ha ano, acima da média nacional.

O mamão é cultivado praticamente em todos os estados do país, mas é nas regiões Sudeste e Nordeste que se encontram instalados os principais polos de produção da fruta, sendo o Espírito Santo e Bahia responsáveis por cerca de 70% da área e da produção de mamão no país.

O volume comercializado foi de 26,53 mil toneladas, alta de 26,25% em relação ao acumulado do primeiro semestre de 2020, e o valor arrecadado foi de US$ 26,56 milhões, alta de 31,57% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A cultura concentra-se na região norte capixaba, onde as condições climáticas favoráveis possibilitam a exploração como atividade agrícola de alta rentabilidade e de grande importância econômica e social. São cultivados mamoeiros tanto do grupo Solo (frutos com 350 e 600 g), conhecidos popularmente como “mamão Papaia ou Havaí”, quanto do grupo Formosa, com frutos maiores, entre 800 e 1.200 g.

Os municípios inseridos na região do Polo de Mamão são: Linhares, Aracruz, Sooretama, Jaguaré, São Mateus, Conceição da Barra, Pinheiros, Boa Esperança, Pedro Canário, Montanha e Mucurici.

As lavouras de Formosa estão localizadas, praticamente no extremo norte do Estado, nos municípios de Pinheiros, Pedro Canário, Mucurici, Boa Esperança, Montanha e Conceição da Barra. Já as do grupo Solo concentram-se nos municípios de Linhares, Aracruz, Sooretama, São Mateus e Jaguaré, sendo considerados os principais produtores.

Pimenta-do-reino

Desde 2018, o Espírito Santo tornou-se o estado com maior produção de pimenta-do-reino (Piper nigrum) do Brasil, superando o Pará. Os dados são da última Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a assessoria da Universidade Federal do Espírito Santo, essa evolução no cultivo da especiaria é acompanhada por pesquisas desenvolvidas na Ufes sobre a espécie. Um levantamento das publicações dos últimos dez anos, na Base Scopus, revela que a Universidade Federal do Espírito Santo é a quarta instituição em número de artigos científicos do mundo e a primeira do Brasil sobre a Piper nigrum.

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