Por que os investidores estão mais interessados nas empresas de tecnologia do ES?
Desde 1992 o ecossistema de inovação capixaba alcança importantes conquistas para a ambiência inovadora. Este ano, durante um evento em Campinas, com a participação de vários estados apresentando o que vêm realizando para promover a inovação, apesar da média de idade entre os participantes ser de 25 a 30 anos, o Espírito Santo foi o que mais apresentou novidades. E quem estava revelando as ações era um senhor, já de cabelos brancos, diretor da Associação Capixaba de Tecnologia (Act!on).
Não é à toa que os investidores estão voltando seus olhares para as nossas empresas tecnológicas. Esse interesse tem um porquê: a união dos atores promotores do ecossistema em prol da ambiência inovadora.
O movimento que teve início em 1992, com o professor Álvaro Abreu e suas ideias visionárias. A Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI) foi um importante marco que estimulou o surgimento de novas tecnologias e contribuiu para o fortalecimento econômico do setor. A aproximação entre academia, Governo, instituições do setor, indústria e mercado foi fundamental para esse sucesso.
Por meio das pesquisas acadêmicas, criamos o Yara, o primeiro carro autônomo; o caminhão autônomo; e estamos desenvolvendo a nossa fábrica autônoma. Tudo fruto dessa aproximação dos atores. O Instituto de Inteligência Computacional Aplicada (I²CA), coordenado pelo professor Alberto Ferreira de Souza, está a serviço do mercado. Vale lembrar que o instituto foi viabilizado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), a Act!on, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e a participação das empresas ArcelorMittal e Vale.
Também a criação dos ambientes de inovação – como o Distrito Criativo de Vitória, o Inova Serra, o Centro de Inovação de João Neiva e o Programa de Inovação do Espírito Santo – é um movimento facilitador que promove o desenvolvimento tecnológico do Estado.
Também tivemos grandes desafios, como a pandemia. Mas, mesmo durante a crise sanitária, foram desenvolvidos editais, cursos e rodada de investimento para levar as empresas para os fundos de participação. Ações que despertaram no radar dos investidores a capacidade inovadora do Estado.
Essas novidades foram o caminho das pedras que responde à pergunta sobre o motivo do sucesso na inovação capixaba. Hoje, com as ações estratégicas no setor, as empresas estão mais maduras em seus métodos, processos e modelos de negócio.
Atualmente, grandes projetos estão se concretizando, pois os atores estão atentos aos desafios do setor, em especial, para a falta de mão de obra em tecnologia da informação (TI). E neste sentido, estamos trabalhando há mais de um ano, junto com instituições quem tenham competência e experiência no assunto, a construção de um programa de formação de mão de obra em programação de computadores. Da mesma forma, estamos trabalhando na construção de uma rede de parceiros que permita dar a necessária sustentabilidade à ação e, assim, endereçar caminhos para aumentar a oferta de profissionais capacitados para as empresas capixabas.
Olhar para a formação acadêmica com o viés da tecnologia e inovação é tornar comum o ciclo ascendente do ecossistema de inovação.
Ainda naquele evento em Campinas, após apresentar as novidades do Espírito Santo, concluí que a ambiência tecnológica e inovadora capixaba está em pleno desenvolvimento e entra definitivamente para concorrer com outros estados no ranking de inovação.
Daniel Arrais é Diretor da Act!on, investidor anjo e empresário de TI.