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quarta-feira, 24 abril, 2024

Alto custo ou a falta de matéria-prima afeta a indústria capixaba

A falta ou o alto custo da matéria-prima continua sendo o maior problema para os industriais capixabas

Por Amanda Amaral

A falta ou o alto custo da matéria-prima (49,3%) é o principal problema para os industriais capixabas. Em segundo lugar, está a competição desleal (28,4%). Em terceiro, a elevada carga tributária (22,4%).

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O ranking foi elaborado pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) por meio da Pesquisa Sondagem Industrial. Os dados são referentes ao segundo trimestre de 2022.

A questão da matéria-prima tem sido o principal problema apresentado nas pesquisas dos últimos oito trimestres. Para a gerente-executiva do Observatório da Indústria e economista-chefe da Findes, Marília Silva, isso é explicado pelo descompasso entre oferta e demanda na cadeia produtiva que se estende desde as medidas de afastamento decorrentes da pandemia da Covid-19, quando houve forte contração da demanda na economia.

“Naquele momento, as empresas enfrentaram problemas nas condições financeiras correntes, e diante disso, passaram a trabalhar com um estoque abaixo do habitual. Com poucos produtos em estoque, a cadeia produtiva não conseguiu acompanhar a retomada econômica nos meses seguintes, gerando escassez e aumento dos preços dos insumos no período. O que se entende da situação é que esse descompasso entre oferta e demanda na cadeia produtiva ainda não foi totalmente superado, por isso, o problema ainda é relatado por boa parte dos empresários industriais”, explicou.

Conflito no leste europeu

Marília Silva ressaltou que, recentemente, o conflito entre Rússia e Ucrânia provocou um novo agravamento na desestruturação das cadeias de insumos industriais. Em uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em abril de 2022, por exemplo, 42% das empresas informaram que houve uma mudança negativa na empresa devido à guerra, e entre elas, 64% informaram que os preços dos insumos aumentaram por conta dos desdobramentos do conflito.

Essa escassez de insumos no processo industrial foi um dos principais motivos para o aumento da inflação dos bens industrializados nos últimos anos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Produtor (IPP) foi de 19,15% em maio de 2022 no acumulado dos últimos 12 meses.

Política monetária

A inflação e, por consequência, as medidas para seu controle, como aumento das taxas de juros, também possuem forte influência sobre o comportamento da atividade industrial. “Uma taxa de juros alta, por sua vez, gera uma série de impactos negativos sobre os setores econômicos. Uma consequência imediata é o aumento do custo do crédito e da manutenção do capital de giro. Outro efeito é o enfraquecimento da demanda na economia, que afeta, mais fortemente os setores de construção e varejo. Esses setores passam a demandar menos a indústria da transformação, que acaba por reduzir sua produção no futuro”, analisou Marília Silva.

Alto custo ou a falta de matéria-prima afeta a indústria capixaba
A economista Marília Silva falou sobre a relação entre o conflito no leste europeu e as cadeias de insumos. Foto: Divulgação/Findes

A economista chefe da Findes também destaca que, por outro lado, o aumento dos juros internos pode influenciar a trajetória da taxa câmbio, ao valorizar a moeda brasileira em relação às principais moedas mundiais, reduzindo, assim, os custos de produção das empresas que utilizam insumos importados.

Nesse contexto, com alta dos juros e dos preços, um problema que aparece é a demanda interna insuficiente, indicando que o mercado doméstico (nacional) não está absorvendo toda a produção industrial. “Assim, o encarecimento do crédito e a inflação, que corrói o poder de compra dos consumidores, prejudica a demanda pelos produtos da indústria no mercado interno”, disse Marília.

Prática desleal

Outro destaque da Pesquisa de Sondagem Industrial foi o ganho de posição no ranking. O critério competição desleal (28,4%), passou da nona para a segunda posição. Essa é uma designação ampla para várias práticas (informalidade, contrabando, preços muito abaixo do custo de produção, etc) cometidas por empresas com o intuito de causar dano ao concorrente, provocando perdas de oportunidades de negócios.

A pesquisa faz um levantamento trimestral dos principais problemas que atingem as indústrias, e o empresário tem 18 opções para escolher podendo selecionar, dentre elas, até três problemas.

Juros e demanda interna

“Portanto, o dado final é o percentual de empresas que selecionaram o problema, sem justificativas para a escolha, o que torna um pouco mais complexo concluir os motivos do aumento da preocupação dos industriais com determinados problemas, exceto quando há claros contextos conjunturais que motivem o crescimento”, avaliou a economista chefe da Findes.

Também foram apontados como problemas pelos empresários capixabas, a demanda interna insuficiente e a taxa de juros, ambas sinalizadas por um percentual de 19,4% dos empresários, completando a lista das cincos dificuldades mais enfrentadas pelos industriais capixaba no segundo semestre de 2022.

Principais problemas enfrentados pelos industriais capixabas:

– Segundo semestre de 2022

Falta ou alto de custo da matéria-prima – 49,3%
Competição desleal – 28%
Elevada carga tributária – 22,4%
Demanda interna insuficiente – 19,4%
Taxa de juros – 19,4%

Fonte: Pesquisa de Sondagem Industrial, Observatório da Indústria da Findes.

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