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quinta-feira, 25 abril, 2024

All That Jazz – ‘O show deve continuar’

Tanto a sustentabilidade quanto a arte preconizam o bem das próximas gerações

 Por Sidemberg Rodrigues

Enquanto trabalhava, tinha sob minha gestão, entre outras, a área de responsabilidade corporativa. Foi através dela que conheci as leis de incentivo à cultura e como elas ajudavam a promover talentos quando o orçamento da área social ficava curto demais. Diferentemente dos meus pares noutras corporações, sempre achei a cultura algo imprescindível para que fluísse a contento qualquer sociedade que se pretendesse sustentável. Mergulhando no caráter antropológico da ‘dimensão cultural’ da sustentabilidade, descobri a importância das crenças, tradições, referências e demais componentes da identidade dos povos. Algo que robustecia seu senso de pertencimento por um território geográfico ou social. Isso nos inspirou a apoiar a manutenção dos pavilhões das paneleiras em várias partes do ES.

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Pelo mesmo motivo, fortalecemos iniciativas que mantinham vivas manifestações como o Congo, as Folias, etc. Igualmente, o suporte às referências musicais, como o violonista Maurício de Oliveira; a solista lírica Natércia Lopes; entre outros músicos e também a voz maior do jazz no ES – Ester Mazzi. Todos esses tiveram suas performances eternizadas em discos bem como suporte na divulgação de seu trabalho. Recentemente, já aposentado e gravando um documentário que inclui a Ester, me lembrei de como os artistas são importantes colaboradores para se amplificar o colorido da vida. Ester tinha uma frase, tirada de um filme a que ela assistiu nos anos 1970, chamado All That Jazz – traduzido como ‘O Show deve continuar’.

Ela sempre fazia menção à importância de se eternizar os talentos para que novas gerações tenham acesso a seus conteúdos. Como dizia, “os personagens passam, mas seu legado deve ficar”. Isso nos remete aos ideais da sustentabilidade: usar os recursos com sabedoria para que futuras gerações não amarguem na escassez, ou seja, para que os recursos sejam “eternizados”. Mazzi também dizia que a música “transformava vidas”. Concordo integralmente com ela e, pessoalmente, penso que a única forma de se reproduzir a atmosfera emocional de uma época seja através da memória cultural, dentro de cujo universo gravita a música. O filósofo Karel van den Bergen era um pouco mais radical: dizia “só a música importa!” Certa vez, a solista Natércia Lopes disse em entrevista à TV Vitória que “a música dava sentido à vida, podendo curar até a depressão.” Fiz-me suceder nos dois postos que ocupava antes de me aposentar.

Lá também é importante manter essa questão da continuidade, até porque, muitos dos investimentos que uma empresa faz afluem para sua reputação. De modo geral, o que tanto os executivos quanto cantores, músicos, pintores, bailarinos, escultores, artesãos, escritores, poetas, atores, fotógrafos, diretores e cineastas podem estar insistindo em dizer do fundo de suas encantadoras almas, é que, se a vida fecha suas cortinas com o fim da existência, ‘o show deve continuar’. Até porque, espiritualmente, a vida não tem fim, sendo a arte a essência da alma.

Sidemberg Rodrigues é Professor de Sustentabilidade em cursos MBA, escritor e cineasta

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