Durante o 30º CIOSP, principal congresso de odontologia do país, será apresentada a Aliança para um Futuro Livre de Cárie, uma iniciativa global para promover a prevenção e atingir níveis baixos de cárie até 2026.
O entendimento da cárie como um problema de saúde pública, diretamente relacionado com doenças crônicas, como o diabetes e doenças cardiovasculares, é um dos principais temas que serão discutidos durante o 30º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (CIOSP). No próximo dia 29 de janeiro, o evento será palco para o lançamento da Aliança para um Futuro Livre de Cárie, uma iniciativa global que chega ao Brasil com a visita de um de seus idealizadores, o inglês Nigel Pitts, um dos maiores especialistas em cárie no mundo, e a presença de Gilberto Pucca, coordenador nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde e presidente honorário da Aliança Global no Brasil, além do professor Marcelo Bönecker, presidente da Aliança Global no Brasil.
A Aliança Global reúne especialistas em saúde pública e bucal de todo o mundo que buscam elevar o patamar de entendimento da cárie como problema de saúde pública, definir uma nova abordagem evolutiva da doença e promover ações integradas com outras especialidades para o seu combate efetivo. A carta de intenções da Aliança Global segue as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a carta da Aliança no Brasil será assinada com os seguintes objetivos de longo prazo:
• Em 2015, 90% das faculdades e associações odontológicas no país deverão ter incluído e promovido a “nova” abordagem da cárie para melhorar seu manejo e prevenção.
• Em 2020, os membros regionais da Aliança para um Futuro Livre de Cárie deverão estar integrados, atuando localmente na implantação da prevenção, manejo e monitoramento adequados da cárie.
• Toda criança nascida a partir de 2026 deverá ser livre de cárie durante toda a sua vida.
Dados recentes do Ministério da Saúde (MS) revelam que 88% da população brasileira têm cárie, colocando o Brasil entre os países com mais problemas bucais. “Essas pessoas enfrentam um problema que pode ser evitado. A cárie merece mais atenção e precisa ser encarada como um problema sério de saúde”, defende o presidente da Aliança Global no Brasil e Prof. Dr. Titular de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), Marcelo Bönecker. E o especialista completa afirmando que o nível de recursos e de intervenção, tanto na saúde pública quanto sob a perspectiva clínica, é ainda pouco abrangente no Brasil.
A cárie é a doença crônica mais comum no mundo, afetando cinco bilhões de pessoas, ou cerca de 80% da população mundial1. Já no Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil 2010)2 apontou desigualdade no índice de cárie, sendo que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam maior prevalência do que regiões Sul e Sudeste. Além disso, notou-se que em regiões de pobreza dentro de uma mesma cidade apresentam maior prevalência de cárie. Contraste que demonstra um importante fator social envolvido com a doença e relacionado ao acesso à educação bucal e estratégias para controle, caracterizando a cárie como doença biosocial.
Declaração nacional para um novo olhar sobre a cárie
Durante o lançamento da iniciativa no CIOSP, líderes nacionais assinarão uma declaração nacional se comprometendo a atingir as metas da Aliança Global no Brasil. “Devemos nos comprometer com o desenvolvimento de sistemas em nível nacional que estimulem a saúde pública e comunidades clínicas para trabalhar em conjunto com o objetivo de enfrentar a doença. Juntos, podemos educar o povo e estimular líderes em odontologia e saúde pública para agir em prol da erradicação da cárie”, explica Gilberto Pucca, coordenador nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde e presidente honorário da Aliança Global no Brasil.
Entre os profissionais engajados com a causa estão representantes de diversos setores de saúde bucal e pública, incluindo conselhos de odontologia, organizações nacionais de odontologia, instituições de ensino e especialistas da área de saúde bucal. “A colaboração é essencial para a prevenção abrangente e para o tratamento adequado da cárie ao redor do mundo”, completa o coordenador nacional de Saúde Bucal.