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quinta-feira, 18 abril, 2024

Affonso Botelho, o celeiro de intelectuais

Fazendo blague, pernambucanos costumam dizer que os rios Beberibe e Capiberibe se encontram em Recife para formar o Oceano Atlântico.

Esse espírito de grandeza, no entanto, extrapola o tom jocoso da sentença. Recife e Olinda ostentam, através dos tempos, o maior número de pensadores por metro quadrado do que em qualquer outro estado brasileiro. São filhos das cidades, sem nos atermos à cronologia do tempo, figuras com a expressão de Souza Bandeira, Cândido Mendes, Marquês de Paranaguá, Barão de Lucena, o grande diplomata brasileiro Barão do Rio Branco, Tobias Barreto, Clóvis Bevilaqua, Borges de Medeiros, Raul Pompéia, Epitácio Pessoa, Graça Aranha, João Pessoa, o nosso maior jurista, Rui Barbosa, Pontes de Miranda, o jornalista Assis Chateaubriand, pioneiro na implantação dos modernos meios de comunicação no país, Barbosa Lima Sobrinho, o poeta Castro Alves, o imortal José Lins do Rêgo, Aurélio Buarque de Holanda, o escritor José de Alencar e Fagundes Varela e Gilberto Freire.

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Em tempos mais recentes, o ex-vice-presidente da República Marcos Maciel, o ex-governador Miguel Arraes, o cantor Alceu Valença, o ex-ministro Gustavo Krause, uma constelação de astros que iluminaram com seu saber e seu talento os céus brasileiros. Nosso personagem, Augusto Aonso Botelho nasceu no distrito de Beberibe, município da romântica Olinda, em 1886, sede da Capitania de Pernambuco, construída em 1535.

A força da memória histórica da cidade pesou na sua formação, que já trazia os genes de seus ancestrais portugueses e espanhóis. Estudou Direito por conta de sua grande admiração por Ruy Barbosa, o “Águia de Haia”, tribuno notável e um dos maiores nomes entre os grandes estadistas brasileiros.

Foi colega de turma de seu conterrâneo Carlos Xavier Paes Barreto, de quem se tornou fraterno amigo e por sugestão de quem decidiu transferir-se para o Espírito Santo, na procura de campo mais propício para sua atividade profissional. Tinha na ocasião 24 anos e a experiência de ter sido suplente de juiz municipal da 2ª Vara da Comarca de Recife.

Espírito arejado e aberto para o futuro, trilhou entre nós brilhante roteiro de lutas e conquistas, tendo exercido os cargos de promotor público e juiz de Direito e galgando, por seu alto saber jurídico, o mais alto cargo da carreira, desembargador. No Ministério Público, foi promotor na Comarca de Rio Pardo, atual Iúna, até ser nomeado juiz de Direito de Comarca de Marechal Hermes, então território capixaba. Sua brilhante atuação na magistratura o levou a ser promovido a desembargador, tendo sido presidente da nossa mais alta Corte de Justiça no biênio 1937-1938.

Membro do Tribunal Regional Eleitoral, foi seu presidente durante importante fase de transição política no Estado até aposentar-se, em 1948. Do seu casamento com a senhora Rosina Botelho, em Rio Pardo, originou-se uma família de oito lhos, Romero, Sylvio, Zita, Iris, Sálvio, Zara, Terezinha e Eny.

Augusto Afonso Botelho faleceu entre nós, em dezembro de 1963, aos 77 anos de idade. Sua memória foi reverenciada pela população de Vila Velha, via seus representantes na Câmara Municipal, dando seu nome a importante via pública da cidade. (Copidesque: Rubens Pontes).

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