A aceleração da transição energética é fundamental para conter as mudanças climáticas. Investimentos em energias renováveis são essenciais
Por Luiz Fernando Schettino
A busca pela sustentabilidade tornou-se um dos grandes desafios do nosso tempo. E nessa toada, reduzir custos e desperdícios de energia elétrica, combustíveis, materiais diversos e alimentos, entre outros, torna-se meta necessária e possível, na luta pela mitigação das mudanças climáticas, sendo ainda, economicamente desejável e viável, o que pode se dar com planejamento, boa gestão e eficiência tecnológica e gerencial.
Apontamos aqui que a redução de 30% nesses quesitos pode ser alcançada, com certeza, de forma muito rápida e trazendo benefícios significativos, especialmente no contexto da construção civil e da transição energética. Além disso, a adoção de tecnologias inovadoras, como a Internet das Coisas (IoT) para monitoramento e controle do consumo energético, e o uso de inteligência artificial para otimização de processos, pode potencializar ainda mais os resultados. Incentivar a educação e conscientização ambiental tanto no setor público quanto privado, entre, servidores, colaboradores e consumidores também é crucial para criar uma cultura de responsabilidade que leve, de fato, à sustentabilidade.
Projetos de eficiência energética e programas de reciclagem, entre outros, devem ser promovidos, de forma adequada, inclusive através de parcerias público-privadas, buscando não apenas a redução de custos, mas também a criação de novos negócios e empregos verdes. Incluindo nesse cenário a busca pela colaboração internacional para o compartilhamento de melhores práticas e tecnologias sustentáveis pode acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, mitigando os efeitos das mudanças climáticas de forma abrangente e duradoura, mantendo o necessário funcionamento socioeconômico do País.
Nesse diapasão, o incentivo a tecnologias mais eficientes e a implementação de sistemas de gestão energética, com a instalação de sensores inteligentes e tecnologias apropriadas podem otimizar o uso de energia em edifícios, fábricas e residências, pode ajudar na mitigação climática. Por exemplo, o uso de iluminação LED, sistemas de aquecimento e resfriamento mais eficientes, e a integração de fontes de energia renovável como solar e eólica podem contribuir significativamente para essa redução. Além de diminuir os gastos, essa transição para tecnologias mais eficientes também reduz a emissão de gases de efeito estufa. Metas específicas (e possíveis), podem ajudar a ampliar a participação de energias renováveis na matriz energética para 50% até 2030 e instalar painéis solares em 70% das novas construções, como muito tem se debatido nos meios científicos e empresariais.
No setor de transportes, a transição para veículos elétricos (com energia de fontes renováveis) e híbridos parece ser uma das estratégias promissoras. Mas para isso deve haver incentivos para a compra de veículos mais eficientes, além do desenvolvimento de uma infraestrutura adequada para recarga, o que pode acelerar a transição energética e o maior uso desses veículos. Em áreas urbanas, a promoção do transporte público e modos de transporte sustentáveis, como bicicletas, também pode ajudar a reduzir o consumo de combustíveis fósseis.
É importante ressaltar “nessa construção” da mitigação climática, que a construção civil é um dos setores que ainda desperdiça muitos materiais e energia. Em função do que, deve-se implementar práticas mais arrojadas de construção sustentável, como o uso de materiais reciclados e a adoção de técnicas de construção modular, para reduzir significativamente o desperdício. Além disso, a implementação de melhores práticas de gerenciamento de resíduos, como a separação e reciclagem no local da obra, pode levar a uma redução significativa dos materiais descartados. Metas adicionais podem incluir o aumento da reciclagem de resíduos de construção para 75% e a reutilização de 50% dos materiais até 2030, como alguns especialistas dessa área pregam.


No setor agrícola, melhorar as práticas de colheita, transporte e armazenamento, pode reduzir significativamente as perdas de grãos e outros alimentos. O que pode ser feito através do uso de tecnologias de monitoramento, como drones e sensores de umidade, pode ajudar a identificar problemas antes que eles causem grandes perdas. Além disso, a promoção de práticas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas e a utilização de técnicas de irrigação eficientes, pode contribuir para a redução de perdas. Estabelecer metas para reduzir as perdas pós-colheita em 30% e aumentar a eficiência no uso da água em 40% são passos cruciais.
A aceleração da transição energética é fundamental para conter as mudanças climáticas. Investimentos em energias renováveis e na modernização da rede elétrica são essenciais. Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, bem como a criação de políticas públicas que favoreçam a utilização de fontes de energia limpas, são passos essenciais. A adoção de práticas de economia circular, onde os resíduos de um processo são utilizados como insumos para outro, também pode contribuir significativamente para a sustentabilidade. Metas como aumentar a capacidade instalada de energias renováveis em 100% e modernizar 80% da rede elétrica até 2030 são fundamentais.
Reduzir os custos e desperdícios de energia elétrica, combustíveis, materiais e alimentos é não só possível, mas essencial para um futuro sustentável. Com boa gestão e eficiência, os benefícios econômicos e ambientais são claros: redução das emissões de gases de efeito estufa, preservação de recursos naturais e promoção de uma economia mais sustentável e resiliente. A integração de novas tecnologias e a adoção de políticas públicas favoráveis são chaves para alcançar essas metas e garantir um futuro mais verde para as próximas gerações.
Luiz Fernando Schettino é Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciência Florestal, Advogado, Escritor e ex-Secretário Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos