A Arborização Urbana é uma forte aliada no combate ao aquecimento global e de um ambiente urbano mais saudável e agradável
Por Luiz Fernando Schettino
A arborização urbana é uma estratégia essencial na luta contra o aquecimento global e na promoção de um ambiente urbano mais saudável e agradável. As árvores não apenas absorvem dióxido de carbono (CO2), ajudando a mitigar as mudanças climáticas, como também melhoram significativamente a qualidade de vida nas cidades ao proporcionar sombra, melhorar a qualidade do ar e reduzir as temperaturas locais. Contudo, para maximizar esses benefícios, é imperativo que as árvores urbanas sejam cuidadas de maneira apropriada, especialmente através de podas regulares e monitoramento constante, a fim de evitar danos materiais e riscos à vida das pessoas.
As árvores urbanas desempenham um papel vital na redução da concentração de CO2 na atmosfera. Um estudo mostrou que uma árvore adulta pode absorver até 22 kg de CO2 por ano(1), e liberar oxigênio suficiente para sustentar duas pessoas(2). Durante a fotossíntese, as árvores absorvem CO2 e o transformam em oxigênio, contribuindo para a diminuição do efeito estufa. Além disso, as árvores ajudam a regular a temperatura ambiente. Em áreas urbanas, onde o concreto e o asfalto retêm calor, as árvores atuam como verdadeiros refrigeradores naturais. A sombra proporcionada pelas copas das árvores pode reduzir as temperaturas do ar em cerca de 4 a 5°C, combatendo o fenômeno das ilhas de calor urbanas.
Outro benefício crucial da arborização urbana é a melhoria da qualidade do ar. As árvores filtram poluentes atmosféricos, como óxidos de nitrogênio, amônia e partículas em suspensão, que são prejudiciais à saúde humana. Um estudo da NASA indicou que um acre (aproximadamente 0,4047 hectares) de floresta urbana pode remover até 2,6 toneladas(3) de poluentes do ar por ano. Ao reter essas substâncias em suas folhas e troncos, as árvores contribuem para a purificação do ar, tornando-o mais respirável e saudável para a população. Ou seja, as florestas urbanas desempenham um papel vital na melhoria da qualidade do ar. Além de remover poluentes, elas também ajudam a regular a temperatura, fornecer habitats para a vida selvagem e melhorar a saúde mental dos residentes urbanos.
No entanto, a manutenção adequada das árvores urbanas é fundamental para garantir que esses benefícios sejam plenamente alcançados. A realização de podas regulares é uma prática essencial para a segurança pública. Ao remover galhos mortos, doentes ou excessivamente longos, a poda ajuda a prevenir quedas que podem causar danos materiais a edifícios, veículos e infraestruturas, além de representar um risco significativo para a segurança das pessoas. Estatísticas apontam que quedas de galhos e árvores causam danos materiais significativos e até fatalidades em áreas urbanas. Além disso, a poda adequada permite que a luz solar e o ar circulem melhor pela copa da árvore, promovendo um crescimento mais saudável e equilibrado.
O monitoramento contínuo das árvores é igualmente importante. Inspeções regulares permitem identificar precocemente sinais de doenças, pragas ou outras condições adversas que possam comprometer a saúde das árvores. Quando esses problemas são detectados a tempo, é possível tomar medidas corretivas eficazes, como tratamentos fitossanitários ou intervenções mais específicas. Esse monitoramento também ajuda a garantir que as árvores sejam capazes de resistir a eventos climáticos extremos, como tempestades e ventos fortes, que podem causar danos significativos. Por exemplo, durante o furacão Katrina, estima-se que cerca de 320 milhões de árvores foram danificadas ou destruídas(4) , segundo estudos e relatórios realizados por organizações como a NASA e o United States Forest Service. Esses dados são baseados em análises de imagens de satélite e levantamentos de campo realizados após o desastre.


Além disso, é importante considerar o aproveitamento das partes resultantes das podas de árvores urbanas. Esses resíduos podem ser reciclados e utilizados de diversas maneiras, proporcionando benefícios ambientais e sociais significativos. Por exemplo, galhos e folhas podados podem ser transformados em compostagem, contribuindo para a fertilização de solo urbano e promovendo a agricultura urbana sustentável. A madeira resultante das podas pode ser utilizada em projetos comunitários, como a construção de bancos, cercas e outras estruturas que embelezam e funcionalizam os espaços públicos.
Outra aplicação relevante é o uso da biomassa para a produção de energia. A madeira de poda pode ser convertida em biomassa, uma fonte de energia renovável que pode ser utilizada para gerar eletricidade ou calor. Este uso não apenas reduz a quantidade de resíduos enviados a aterros, mas também oferece uma fonte de energia limpa, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
Para proteger as árvores jovens e garantir seu desenvolvimento saudável, é recomendável o uso de suportes temporários. Esses suportes ajudam a estabilizar as árvores até que suas raízes estejam firmemente estabelecidas no solo, proporcionando resistência contra ventos fortes e evitando que se inclinem ou caiam. Além disso, a escolha de espécies nativas e bem adaptadas ao clima local é fundamental para o sucesso da arborização urbana. Espécies que requerem menos manutenção e são mais resistentes a doenças e pragas locais são opções preferenciais.
Investir na arborização urbana de forma responsável e sustentável é uma estratégia eficaz para criar cidades mais resilientes e adaptáveis às mudanças climáticas. Ao combinar técnicas de plantio adequado, manutenção regular através de podas e monitoramento constante, é possível maximizar os benefícios ambientais e sociais das árvores urbanas, ao mesmo tempo em que se garante a segurança da população. Em última análise, a arborização urbana bem planejada e executada contribui para a construção de ambientes urbanos mais saudáveis, agradáveis e sustentáveis para as gerações presentes e futuras
Luiz Fernando Schettino é Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciência Florestal, Advogado, Escritor e ex-Secretário Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos