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terça-feira, 15 DE outubro DE 2024

A força do agronegócio capixaba é destaque no país

Superando novos desafios a cada dia, o agronegócio do Espírito Santo, puxado pela agricultura familiar, fortalece a economia e obtém posições de evidência no país

Por Daniel Hirschmann

No cenário do agronegócio brasileiro, o Espírito Santo aparece como um dos protagonistas, impulsionado pela força de sua agricultura familiar. Com 108.014 estabelecimentos agropecuários mapeados pelo Censo Agropecuário de 2017 (o mais recente feito pelo IBGE), dos quais 74,8% são familiares, o estado revela sua vocação para o campo.

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Distribuídos em 3,24 milhões de hectares, esses pequenos produtores são o alicerce de uma economia que vai além do café, seu carro-chefe. “A agricultura e a pecuária são atividades muito relevantes para a economia do Espírito Santo. Respondem por 4,5% da economia capixaba e são fundadas predominantemente na pequena propriedade familiar rural”, frisa o diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira.

Além do café, o Espírito Santo é líder na produção e exportação de mamão, destaca-se na criação de bovinos e aves, pimenta-do-reino, gengibre e cacau, e abriga o maior produtor de ovos do Brasil: o município de Santa Maria de Jetibá.

O estado detém ainda uma ampla e pujante atividade agroflorestal, com a produção de celulose tendo movimentado US$ 532,9 milhões no primeiro semestre de 2024 – o equivalente a 34,28% das exportações. De acordo com a secretaria estadual da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), a variação positiva no valor da celulose foi de 23,4%, apesar da queda de 4,8% no volume exportado. Junto com a celulose, o complexo cafeeiro e a pimenta-do-reino – os três principais produtos da pauta de exportações do agro capixaba – representaram 95% do valor total comercializado de janeiro a julho de 2024.

A diversidade da produção estadual reforça a importância e o dinamismo do setor agropecuário capixaba, que emprega mais de 357 mil pessoas e processa parte significativa de sua produção em quase 5.000 agroindústrias locais, 76% delas também familiares.

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Diversidade e sustentabilidade

Apesar de nem sempre serem lembrados como parte do setor, a produção de eucaliptos e a indústria da celulose desempenham um papel fundamental na economia e no agronegócio do Espírito Santo, gerando empregos, impulsionando a renda local e contribuindo para o desenvolvimento sustentável. O cultivo de eucaliptos, com sua rápida taxa de crescimento e alta produtividade, é uma das principais atividades agroindustriais do estado, fornecendo a matéria-prima essencial para a produção de celulose, papel e outros produtos derivados.

A força do agronegócio capixaba é destaque no país
Fábrica da Suzano, maior produtora mundial de celulose e referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto – Foto: Suzano

A Suzano, maior produtora mundial de celulose e referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto, tem uma presença significativa no desenvolvimento rural sustentável do estado, com programas de arrendamento e fomento para produtores capixabas. Atualmente, a empresa conta com 1.119 contratos de parceria com agricultores locais.

Voltados a proprietários de áreas iguais ou superiores a 50 hectares, que atendam aos requisitos para o plantio, esses programas oferecem suporte e orientação aos interessados. No arrendamento, a Suzano assume as atividades operacionais do plantio à colheita e remunera o produtor pela área utilizada. No caso do fomento, a Suzano fornece mudas e assistência técnica, ficando o produtor parceiro responsável pelo plantio, tratos culturais e colheita, com a garantia de compra da madeira por parte da empresa.

As divisas geradas com as exportações do setor somaram mais de US$ 1,5 bilhão (ou R$ 8,3 bi), no primeiro semestre de 2024 – o maior valor da série histórica para o período. Os números indicam crescimento de 83% sobre o primeiro semestre de 2023 (US$ 848,6 milhões) e se destacam entre os dados nacionais, já que o Brasil teve variação negativa (-0,35%) no mesmo intervalo. Ao todo, mais de 1,3 milhão de toneladas de produtos do agro capixaba foram embarcadas para o exterior, com aumento de 12% em volume.

“A gente procura auxiliar o produtor rural a buscar soluções da melhor maneira possível”, Eduardo Ton, gerente de Crédito e Agronegócio do Sicoob-ES - Foto: Eduardo Ton
“A gente procura auxiliar o produtor rural a buscar soluções da melhor maneira possível”, Eduardo Ton, gerente de Crédito e Agronegócio do Sicoob-ES – Foto: Eduardo Ton

Segundo o gerente de Crédito e Agronegócio do Sicoob Central do Espírito Santo, Eduardo Ton, o agro capixaba está à frente de outros no país porque as principais commodities do estado – café, pimenta-do-reino e cacau – estão com preço e valor agregado muito bons.

“De certa maneira, um pouco diferente do resto do Brasil, onde o boi, a soja, o milho, não estão tão bem assim. No Espírito Santo, a gente está um pouco melhor que o resto dos estados por causa disso”, afirma.

A força do agronegócio capixaba é destaque no paísExpectativas e avanços

Entre bons resultados e desafios, as expectativas seguem sendo positivas para o agro capixaba, cada vez mais levando em conta a sustentabilidade. Pablo Lira, do IJSN, diz que a agricultura e a pecuária podem ser consideradas atividades muito importantes para o desenvolvimento sustentável do estado, sob o ponto de vista de que estão recebendo investimentos fortes, seja pela assistência técnica rural, a pesquisa na parte da biogenética ou no melhoramento de espécies.

“Temos tecnologias sendo utilizadas para o monitoramento das lavouras, com utilização de drones, e também utilização de Inteligência Artificial (IA) para fazer o monitoramento dos produtores de rebanhos, como os de rebanhos bovinos. São tecnologias e inovações sendo empregadas para ampliar a produtividade do campo capixaba”, afirma o diretor.

Júlio Rocha acrescenta que o empreendedorismo no campo está em ascensão, com mais agricultores e jovens desenvolvendo negócios inovadores. Ele cita a produção de alimentos orgânicos e a criação de startups de tecnologia agrícola como avanços que já podem ser observados. “É um movimento que está trazendo novas oportunidades econômicas e revitalizando as áreas rurais”, conclui o presidente da Faes.

*Matéria publicada originalmente na revista ES Brasil 223, de setembro de 2024. Leia a edição completa sobre o agronegócio capixaba aqui.

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