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quinta-feira, 28 março, 2024

A evolução das casas depois das pandemias

Uma busca na história mostra que após várias doenças, as residências passaram por diversas alterações e tudo indica que com esse momento não será diferente

Desde o início da pandemia do novo Coronavírus, as autoridades, em especial de saúde, salientam e reforçam a importância da higiene, como o simples  mas extremamente importante, hábito de lavar as mãos. Pode parecer algo simples, mas os registros históricos mostram que, infelizmente, as rotinas de higiene pessoal e com as casas em muitos lugares do mundo eram inexistentes. Esses costumes foram surgindo a partir das necessidades e das transformações sociais após epidemias. E pra quem acha que isso foi fácil, ledo engano.

Uma busca nos livros de história e vemos que no século XVII começaram a surgir as latrinas públicas, que não ofereciam a mínima condição de higiene. E foi ainda nesse período que foram criadas as primeiras cadeiras sanitárias que eram levadas para um quarto, como forma de privacidade. No entanto, os dejetos eram jogados em vias públicas, contribuindo para o fedor insuportável e a proliferação de doenças.

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Foi só no século XIX que as primeiras medidas sanitárias com instalação de rede de água e esgoto começaram a ser criadas na Europa. E só assim, as pessoas começaram a ter um espaço para chamar de banheiro, que na grande maioria das vezes era apenas um pequeno cômodo que ficava fora da casa.

No século seguinte, o banheiro passou a ser visto como um ambiente que valorizava a casa. Lembrando que era apenas um banheiro por casa e ainda ficava recuado e às vezes próximo da cozinha para aproveitar a tubulação. Muitos banheiros eram construídos de forma rústica, com tábuas de madeira e sem o mínimo conforto.

Um outro problema das construções era a falta de ventilação. Muitos cômodos não tinham janelas ou quando tinham eram pequenas, o que contribuía para propagar ainda mais as doenças. E foi a partir da gripe espanhola, que matou milhões de pessoas pelo mundo, que começou a surgir a arquitetura e o design aplicado às soluções e qualidade de vida.

Vários mobiliários e materiais foram criados para atender as necessidades de saúde. O arquiteto finlandês Alvar Aalto foi um deles e criou projetos para a arquitetura hospitalar, com destaque para a poltrona Paimio que permitia mais conforto.

Além dele podemos citar o arquiteto Le Corbusier que pregava o minimalismo, com linhas retas e limpas e  uma casa com menos móveis e objetos. E a partir disso, os arquitetos começaram a pensar no mobiliário e soluções do morar para amenizar as situações sanitárias para dar mais qualidade de vida as pessoas.

Um fato interessante refere-se a questão do mobiliário das casas que, com exceção dos mais abastados, não possuíam armários. As roupas e louças eram guardadas em baús, o que dificultava a limpeza. Só no início do século XX é que se passou a ter armários separados para esses e outros itens. Vale destacar que os azulejos, que já existiam antes de Cristo, só emplacaram a partir do final do século XIX, porque facilitavam a limpeza. Detalhe: a cor predominante era o branco.

Aliás hábitos de higiene como banhos diários, lavar roupas, tomar banho eram bem menos frequentes por uma questão cultural. Mas com o avanço da ciência e da medicina deu-se também um avanço nesses costumes. Os especialistas em saúde começaram a propagar o quanto a limpeza e o tratamento da água e do esgoto poderiam contribuir para reduzir os graves problemas de saúde da população.

E observando os tempos atuais, quando os governos tomam duras medidas para quem não segue as regras de higiene, descobre-se que isso já não é novidade. Só com muitas leis, que causaram revoltas, já que nem sempre elas são bem-vindas e aceitas pela maioria, a população passou a ter os cuidados básicos de higiene pessoal e também de suas casas.

Como lição de tudo isso que vimos ao longo dos séculos até os dias atuais, acredito que os hábitos de higiene após essa pandemia serão diferentes. Algumas rotinas já adotadas serão intensificadas, a exemplo de retirar os sapatos antes de entrar dentro de casa. Os lavabos também devem ganhar destaque na entrada das casas. E acredito que muitos adotarão um espaço para o que podemos chamar de área suja e área limpa, que pode ser na lavanderia para deixar os sapatos e outros itens quando chegam da rua.

Na concepção dos materiais também haverá uma intensificação do uso de tecnologia, como os presentes nos revestimentos antibactericidas, que antes eram usados apenas em áreas de saúde, e agora podem estar nas casas, do piso às bancadas de banheiros e cozinhas. Podemos dizer que nós vivemos em uma atmosfera favorável de conhecimento que não existia antigamente e as soluções e a disseminação dessa e outras doenças podem ser controladas para termos no futuro apenas registros na história de como passamos por esse momento com sucesso.

Flávia Dadalto é designer de Interiores e diretora Comercial da Figurati Revestimentos

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