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terça-feira, 23 abril, 2024

A economia de joelhos

A posição do Brasil nesse quadro também preocupa porque o impacto recessivo do COVID-19 o pegou em tendência de desaceleração

O Brasil e o resto mundo enfrentam a mais profunda recessão desde a 2ª Guerra Mundial. De lá para cá houve cinco recessões. Em 1975, o PIB per capita mundial caiu 0,8%; em 1982, 1,3%; 1991, 0,3%; e em 2009, 2,9%. Para 2020 estima-se queda de 6,2%.

Estamos em uma recessão ad hoc – não foi determinada por fatores de ordem econômica.

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Contudo, a devastação que está provocando na economia é tão extensa que interessa menos o que a provocou do que encontrar o caminho para solucioná-la.

Suas causas não são econômicas, mas seus reflexos são – a queda da atividade econômica, trouxe desemprego, e redução da renda.

Fato preocupante porque sabe-se que quanto mais intensa for uma recessão, mais os efeitos negativos se alastram pela economia dificultando a retomada do crescimento.

Como numa queda de peças de dominó, a retração freou a atividade econômica, que reduziu as receitas, que levou à demissão de mão-de-obra e/ou redução de salário, que reduziu a demanda agregada, que gerou capacidade ociosa (que é custo) e reduziu as receitas, que postergou os investimentos – em capacidade produtiva e infraestrutura para abrigá-la – que colocaram a economia de joelho.

A economia de joelhos

 

A posição do Brasil nesse quadro também preocupa porque o impacto recessivo do COVID-19 o pegou em tendência de desaceleração – na verdade, estava a um passo da recessão – a COVID-19 apenas ratificou.

Ou seja, o País já tinha (ou pelo menos dizia que tinha) na alça de mira, uma agenda para retomar o crescimento, que foi adiada por WO da COVID-19.

Significa que agora, o País precisa de esforço redobrado para sair do buraco em que está.

Tarefa hercúlea. Primeiro, pelos obstáculos da pandemia viral, que a economia não tem capacidade de reverter por vontade própria ou pelos instrumentos de política econômica. Segundo, pela precariedade dos seus capitais físicos e humanos. Terceiro, porque seus parceiros comerciais também estão em recessão. Assim, as exportações não terão fôlego suficiente para puxar a retomada – as estimativas indicam que elas impactarão o crescimento em apenas 0,2% em 2020 e 0,1% em 2021. E quarto, porque o País está uma nau sem rumo.

O Brasil é o 12º país emergente exportador de commodity, dentre 82. Em contrapartida, não figura no grupo dos maiores importadores de commodity. Posição que reitera os obstáculos que enfrentará para reaquecer sua economia – a pauta de importação de um país é o reflexo da diversificação de seu parque produtivo. O Brasil é um grande exportador de commodity; mas não é grande importador de insumos. Ou seja, seu parque produtivo é limitado.

Paralelamente, as estimativas para as importações da América Latina indicam queda de 13,2% em 2020; e para a América do Sul, queda de 7,4% – ambas, mercados de destino das exportações brasileiras. Agravando a situação, há estimativa de queda de 12,5% nas exportações da região.

O Brasil está imerso a uma recessão que foi gerada domesticamente, mas ampliada externamente. E não tem para onde ou a quem recorrer porque o resto do mundo também está em recessão.

Se os tomadores de decisão não assumirem a liturgia (moral e republicana) de seus cargos, que os permita definir e implementar as estratégias para a recuperação, a economia permanecerá de joelhos.

Arilda Teixeira é economista e professora da Fucape Business School

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