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quarta-feira, 24 abril, 2024

A competitividade na indústria de transformação do Espírito Santo

Os cenários atual e o do futuro próximo da economia brasileira combinam baixos níveis de crescimento e de investimento com inflação elevada e a consequente alta na taxa básica de juros, com altos reflexos negativos na evolução da competitividade da indústria de transformação brasileira, em particular a localizada no  Espírito Santo.

Para que seja melhor compreendido o que vem acontecendo com a competitividade da indústria de transformação capixaba, é importante que se verifique como vem evoluindo a produtividade e o custo unitário do trabalho nos últimos anos.

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A produtividade e o custo unitário do trabalho em uma economia são fatores determinantes no grau de competitividade e estão associados a seu nível de especialização. Assim, mudanças na estrutura produtiva e na sua localização se mostram importantes na determinação da competitividade dos setores produtivos.

Na produtividade do trabalho levanta-se qual é a relação entre o aumento da produção na produção industrial e o número de pessoas ocupadas ou o número de horas trabalhadas.

Por outro lado, a relação entre o custo da hora trabalhada e a produtividade compõe o chamado custo unitário do trabalho, um indicador que mede o custo da mão de obra por unidade produzida. Ele é obtido pela razão entre a folha de pagamentos, incluindo encargos, e a produtividade do trabalho.

A produtividade do trabalho na indústria de transformação capixaba teve grandes quedas em 2011 (-5,2%), em relação ao ano anterior,  e em 2012 (-6,2%), em e relação a 2011. Embora tivesse uma pequena recuperação em 2013 (aumento de 2,5%, em relação a 2012), voltou a diminuir em 2014 (0,8%, em relação a 2013), porém sem recuperar as perdas no acumulado em 2011 e 2012.

Quanto ao custo unitário do trabalho, com exceção de 2010 e 2013, anos em que houve uma pequena queda (-1,8% em ambos os anos, em relação aos respectivos anos anteriores), teve aumentos, atingindo um pico de 11,5% em 2012, em relação a 2011, voltando a crescer 1,9% em 2014, em relação a 2013.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT),  quando os salários aumentam em consonância com o crescimento da produtividade, estes aumentos são ambos sustentáveis e estimulam um maior crescimento econômico, face ao aumento do poder de compra das famílias.

Mas não foi esse o caso, ao mesmo tempo em que a produção na indústria de transformação capixaba caía, a taxa de desemprego caminhou para seu piso histórico e os salários reais cresceram de forma acelerada. Esses fatores combinados diminuíram a produtividade do trabalho e elevaram o custo da mão de obra.

O que deve-se destacar é que o aumento do custo unitário do trabalho implica em queda da competitividade dos produtos capixabas, frente a outros concorrentes, dado que com custos maiores de produção, mais caro fica o produto final.

Por esse motivo, uma redução desse custo, principalmente por meio do aumento da produtividade,  é fundamental para o aumento da competitividade da indústria capixaba. Caso contrário, o que se observará, ao longo do tempo, será a continuidade na queda da atividade produtiva e um processo crescente do desemprego no setor de transformação do Espírito Santo.

Doria Porto é engenheiro metalurgista com mestrados em engenharia de produção e em administração.

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