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terça-feira, 23 abril, 2024

Expectativa dos empresários do comércio capixaba não é positiva, segundo Fecomércio

Presidente da instituição, José Lino Sepulcri, disse que a pandemia gerou muitas perdas no setor, mas ainda há esperanças de que se recupere mais a frente

Por Aline Pagotto

Há três meses do início da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), o comércio capixaba sofreu um impacto imensurável. Além das portas fechadas, muitos empresários precisaram se adaptar à nova realidade adotando um novo sistema de vendas, como o delivery e o drive-thru, comumente usado em outros Estados e países.

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Além disso, a onda de desemprego em massa também foi grande. Entretanto, alguns empresários driblaram as adversidades e adiantaram férias de colaboradores, negociaram salários, tudo para que pudessem resistir ao caos gerado pela covid-19.

Diante desse cenário, o presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, conversou com a ES Brasil e contou como os empresários capixabas estão reagindo à crise econômica provocada pelo vírus e como pretendem se recuperar disso tudo. Acompanhe!

José Lino Sepulcri
O presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri. – Foto: Divulgação

Quanto o comércio perdeu nesses três meses de pandemia?

Nós estamos nesta nova experiência desde o dia 21 de março. Estivemos praticamente fechados por um pouco mais de um mês, com exceção dos serviços essenciais. Foi uma experiência complexa e que teve um prejuízo tremendo porque a média de faturamento diário no Estado é de 25 a 30 milhões. Se calcular do período que ficamos os dias úteis parados e multiplicar por esse valor vai dar um prejuízo enorme. Nos últimos 30 dias, 60% do faturamento do comércio do Espírito Santo tem efeito na Grande Vitória, que foram os municípios que tiveram mais impactos, além de estamos trabalhando em um sistema de dias alternados que na média não é nem 50% do faturamento normal que tínhamos. Essa experiência para nós foi horrorosa.

Acredita que as novas medidas de vendas adotadas pelos comerciantes demorou para que muitos se adaptassem e começassem efetivamente a ter retorno positivo?

Com certeza. O processo estava iniciando no Estado. A grande maioria deles não tinham mecanismo para funcionar com delivery, e ainda não tem, porque 98% dos empresários capixabas são pequenos e micro empresários, principalmente os comerciantes do interior que não estavam familiarizados com este tipo de venda. E a tendência no mundo é essa, é aquecer as vendas por meio deste sistema. Lembrando que esse período de pandemia fez com que mudássemos hábitos. Ou seja, aquelas coisas que não estávamos acostumados a comprar, começamos a adquirir por meio desse sistema, como as compras do supermercado. Esse sistema era usado em produtos grandiosos, como televisões, smartphones, e outros. Com isso, houve um crescimento tremendo no sistema de comércio eletrônico.

Quanto o comércio capixaba perderia caso fosse decretado lockdown?

A implantação dessa medida será o caos do caos. Além do trauma psicológico que temos e que, naturalmente, nos afetou nesse período de pandemia, para se ter ideia o segmento de confecções caiu 80% nas vendas, agora em dias alternados, que é o que está acontecendo na Grande Vitória, as nossas vendas não aumentaram em nada, principalmente no segmento de calcados e confecções, pois são produtos que são vendidos pelo entusiasmo ou encanto. Não se compra uma roupa pelo telefone. Precisa ir lá e prova-la. Fora o problema o desemprego, que também tomam as reservas que tínhamos. Estamos ficando no extremo.

Diante do cenário, quantos postos de trabalho foram perdidos?

Tivemos uma experiência nos últimos 60 dias, que o próprio governo facultou a diminuição da carga de horário, negociação das remunerações, adiantamento de férias. Os empresários fizeram todos os enxugamentos possíveis. Os cortes que tinham que acontecer já foram feitos. O índice de demissões é muito alto. Se a coisa se agravar com a vinda do lockdown, por exemplo, poderá piorar ainda mais a situação. Estamos lutando com o próprio governo para que tenhamos muito cuidado com a questão de deslocamento, que é um fator de risco e que está abaixo de 50%, assim a lotação das UTIs pode até aumentar. Se houver será bem pior para a economia.

O Dia dos Pais vem aí. O senhor acredita que a perda será grande ou é possível que o comércio se mantenha aquecido?

As grandes datas comemorativas, como é o Dia dos Pais está no calendário de boas vendas. Eu penso que vai ser menos pior que o Dia dos Namorados que o comércio já estava funcionando em dias alternados. Já no Dia das Mães estava tudo fechado. O rombo no faturamento foi enorme. Sem ter grandes sonhos estamos esperando que nesta próxima data tenhamos uma possibilidade de modificações naturalmente do que está sendo adotado agora nos dias pares com alguns segmentos e dias ímpares com outros. Durante a semana, tem segmentos que trabalham três dias, e outros que trabalham dois porque o comércio está autorizado a funcionar apenas de segunda a sexta. É uma expectativa não tão otimista, pois o consumo diminuiu muito. Lembrando que os presentes mais valiosos não serão adquiridos. Serão mais “mimos”, lembranças para não deixar a data passar em branco.

O governo do Estado criou linhas de crédito para ajudar, principalmente, os pequenos e micro empresários. Esse programa tem sido eficaz?

Não somente o governo do Estado, mas também o governo federal disponibilizou as linhas de crédito pensando que seria um “alívio”. Mas, infelizmente, o que aconteceu foi que a burocracia não ajudou o pequeno e micro empresário, pois eles não tinham suporte para ser contemplado com a liberação desse crédito. A grande maioria dos que foram aos estabelecimentos no sentido de conseguí-los não tiveram sucesso e, nós, da Federação do Comércio, procuramos conscientizar o governo de que precisa ser menos exigente.

Quais são as expectativas para os próximos meses?

Não é de grande otimismo. A expectativa é de que esse “inimigo” vá embora e gradativamente possamos retomar nosso dia a dia comercial. É um otimismo muito limitado, mas que é o que desejamos no momento.

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