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quinta-feira, 18 abril, 2024

Cuidar-se não lhe faz menos homem

Na maioria dos casos, o preconceito e o medo são os principais fatores para não se realizar o exame para detecção do câncer de próstata

Quando falamos em “doenças de homem”, é comum que o câncer de próstata seja o primeiro problema a vir à mente. No Brasil, esse é o segundo mais incidente no sexo masculino, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Segundo a entidade, estima-se que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 65.840 novos casos de câncer de próstata. Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens. Um em cada 9 homens será diagnosticado com câncer de próstata durante sua vida.

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Pesquisa divulgada Sociedade Brasileira de Urologia mostra que 76% dos entrevistados têm ciência da necessidade de realizar o exame para detecção do câncer de próstata, mas somente 32% já o fizeram. Por conta disso, a campanha Novembro Azul reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. Saiba mais aqui!

“As mulheres costumam ser muito mais cuidadosas que os homens quando o assunto é saúde. Por exemplo, elas vão pelo menos uma vez por ano ao ginecologista fazer exames de rotina, enquanto eles só procuram o urologista quando não dá mais para evitar”, conta o urologista Gabriel Moulin.

Esse é o caso do motorista de aplicativo Cláudio Tavares Mota, que descobriu o câncer há dois anos. “Fui ao posto de saúde perto da minha casa para agendar uma consulta para minha esposa. Despretensiosamente agendei uma para mim, mas para outra especialidade. Não esperava ser encaminhado ao urologista, pois não tinha nenhum sintoma”, comenta.

Segundo ele, o resultado do exame foi uma motivação para que outras pessoas começassem a se cuidar. “Eu percebi que poderia ajudar outras pessoas com a minha história, por isso tenho incentivado parentes e amigos a fazê-lo. Ele pode salvar vidas”, destacou Mota.

Sintomas

A maioria dos cânceres de próstata não costuma gerar sintomas, como dores e vermelhidões na pele, entre outros. O diretor clínico do Hospital Santa Rita de Cássia, o urologista Alexandre Tironi, alerta sobre a relevância do exame.

“Na maioria das vezes, o câncer evolui de forma assintomática, por isso é necessário fazer o exame para detectar o PSA (Antígeno Prostático Específico). Alinhado ao exame de toque, torna-se ainda mais eficaz, pois é possível detectar o tamanho da
glândula”, afirmou.

Cuidar-se não lhe faz menos homem
O diretor-clínico do Hospital Santa Rita de Cássia, urologista Alexandre Tironi, alerta que os homens a partir dos 50 anos devem realizar o exame de próstata. – Foto: Roberto Cabrini / Next Editorial

Ele destaca que a incidência pode ocorrer em várias idades. “Homens sem risco maior de desenvolver câncer de próstata devem começar a fazer os exames preventivos aos 50 anos. Quem apresenta histórico familiar deve fazer o exame por volta dos 45 anos”,
observa o urologista.

Sobre frequentar o médico, Tironi afirma que “o ideal é realizar um check-up por ano para descobrir se está tudo bem. A partir dos 50 anos, todo homem deve realizar o exame de próstata e, para aqueles que já têm caso de câncer na família ou são negros, esse exame deve ser feito a partir dos 45 anos”.

Apoio

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Referência em Saúde do Homem mostrou que 70% das pessoas do sexo masculino vão a consultas médicas acompanhados das mulheres ou dos filhos. Além disso, mais de 50% dos homens só procuram tratamento quando algum sintoma atrapalha muito a rotina ou só vão aos consultórios com doenças em estágio avançado, quando já existe a necessidade de intervenções cirúrgicas.

O aposentado Daniel Reis, 64, disse que, ao descobrir o câncer, sentiu-se mal e buscou apoio na família. “Eu me senti arrasado. Mas a minha filha, a Débora, nunca saiu do meu lado. Ela vai às consultas comigo, me leva para fazer os exames e não me deixa só. Ela é tudo para mim”, diz emocionado.

O psicólogo Vinicius Grassi, que atua no programa “Viver Bem”, da Unimed Vitória, explicou que, na maioria dos casos, o apoio familiar faz toda a diferença no tratamento. “Vivemos em uma sociedade patriarcal, em que o homem precisa manter a imagem de forte, inabalável e provedor da família. Por isso, os parentes e os amigos têm um papel importante na recuperação desse indivíduo”, avalia.

Grassi assinala que incentivar os pacientes a fazer exercícios físicos é uma das formas de se evitar o desenvolvimento do câncer ou de ajudar no tratamento de quem o teve. “Atividade física é sempre a melhor indicação e ajuda a manter a saúde física e mental. Além disso, não tem contraindicações e é de graça”, finaliza.

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