Greve foi anunciada na última sexta-feira (9). Manifestantes alegam descaso com a categoria
Grande Vitória enfrenta mais uma greve dos rodoviários. A manhã desta segunda-feira (12) começou agitada para os cidadãos. Isso porque os rodoviários resolveram cruzar os braços e nenhum carro saiu das garagens. Com isso, os pontos de ônibus ficaram cheios e os terminais fechados.
A greve foi anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Espírito Santo (Sindirodoviários-ES) na última sexta-feira (9). Segundo o presidente do sindicato, José Carlos Sales, 95% da categoria aderiu à manifestação.
Agora, os profissionais realizarão uma assembleia para definir os rumos da greve. “Vamos ter uma assembleia na Praça Oito, em Vitória, para buscar um encaminhamento e passar para a categoria a situação da liminar”, afirmou José Carlos Sales.
A categoria se manifesta por conta do pronunciamento do governo do Estado sobre o início da circulação de 26 ônibus articulados com ar-condicionado que começariam a circular nesta segunda.
Por meio de nota enviada à imprensa, o Sindirodoviários disse que há algum tempo tenta mostrar ao governo estadual e aos empresários do setor que a circulação de ônibus sem cobradores é prejudicial aos trabalhadores e aos usuários. O sindicato justifica, ainda, que a medida ocasionará milhares de desempregos, além de uma sobrecarga de trabalho aos motoristas.
O Secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo, Fábio Damasceno, garantiu também que não haverão demissões. “Ao longo dos próximos três anos, são mais 500 coletivos operando, porém nesse período ninguém vai perder o emprego em função desses novos transportes adaptados com o ar-condicionado. O que pedimos é que o sindicato pare de prejudicar a população como o dia de hoje. Continuamos à disposição para dialogar com a categoria.”, disse.
Justiça
A justiça determinou que cerca de 75% da frota dos ônibus deveria circular hoje, de acordo com o juiz Aldery Nunes Junior, do Plantão Cível da Comarca de Vitória, e que assina a decisão.
Segundo o juiz, a medida atende a um pedido do Governo do Estado, que ficou em alerta com o anúncio dos Sindirodoviários de que iria parar 100% dos veículos.
“A paralisação das atividades do Sistema Transcol, conforme experiências pretéritas, tem o condão de transformar a Grande Vitória em um caos, com a paralisação do comércio, atrapalhando ou impedindo que os trabalhadores cheguem aos seus locais de destino, prejudicando as atividades escolares, entre muitos outros problemas”, disse o juiz ao Folha Vitória.
Caso a decisão judicial não seja colocada em prática, a multa será de R$ 100 mil. O Sindirodoviários já foi notificado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE).
Manifestações
As manifestações foram muitas por parte dos cidadãos que se sentem prejudicados. Um ônibus que faz a linha 509 (T. Carapina / T. Campo Grande) foi apedrejado por populares por volta das 6h30. O motorista realizou o Boletim de Ocorrência (BO) no DPJ de Vitória. Nenhum passageiro ficou ferido e apenas uma janela foi quebrada.
Uma discussão entre cobrador e motorista aconteceu em outro ônibus, que chegou ao Terminal de Laranjeiras para deixar passageiros. Questionado por outros manifestantes o porquê de estar rodando, motorista saiu com o ônibus.
Já os sindicalistas esvaziaram os pneus de vários carros nesta manhã para que não houvesse a saída das garagens.
Qualificação
Os cobradores que atuam nas empresas que operam o Sistema Transcol receberão capacitação, que será aplicada pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi).
Como forma de garantir que não haja nenhuma demissão no sistema em função dos novos coletivos que vão entrar em operação, a secretaria estabeleceu uma série de diretrizes, por meio do Programa de Qualificação para Cobradores.
Desta forma, os profissionais receberão cursos em conjunto com o GVBus e o Sistema Sest/Senat, para suprir funções inerentes ao sistema de transporte, como mecânico, fiscal, auxiliar administrativo, agente de vendas, entre outros; bem como capacitação em outras áreas, a escolha do profissional, de acordo com o seu perfil.
Além disso, haverá o fortalecimento das escolas de motoristas para cobradores e a garantia de não contratação de profissionais de fora do sistema. Quem já é cobrador, por exemplo, terá prioridade na contratação para outras funções e só serão admitidas pessoas de fora do sistema caso não haja mão de obra qualificada de cobradores.
*Da redação, com informações de agências e internautas