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quinta-feira, 25 abril, 2024

Comércio vê 2018 como o ano do fim da crise

Depois de amargar quatro anos de vendas ruins, atividade varejista tenta se equilibrar e mantém esperança de mudanças na economia

Termômetro da crise, o comércio precisou, mais uma vez, ser resiliente para atravessar 2018. Na esperança de que este tenha sido o último dos quatro anos de derrocada econômica no país, o setor se mostra esperançoso com o futuro e pesaroso com o passado. Foi uma crise política e econômica que culminou no endividamento das famílias, na baixa do comércio”, avalia o presidente da Federação Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri.

Se há algo bom que pode ser tirado destes 12 meses, segundo o dirigente, são a expressiva baixa da taxa básica de juros (Selic) em relação aos anos anteriores e a inflação, que, mesmo incômoda, está controlada. “Apesar disso, não tivemos crescimento no setor. O varejo, de um modo geral, foi muito prejudicado. Mas há segmentos que conseguiram se sair bem. Um exemplo é o de cosméticos, que teve boas vendas. Mas aqueles produtos cuja aquisição pode ser postergada, estes sim sofreram muito. No início do ano, ficamos bem preocupados com o ramo de comercialização de veículos. Tivemos uma queda grande nos primeiros meses. Mas, aos poucos, as vendas foram se ajustando”, ressalta Sepulcri.

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Portas fechadas e esperança em dias melhores

O que impressiona os olhares mais atentos nas ruas é a quantidade de lojas fechadas. “Se pegarmos a Avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória, observamos centenas de comércios que encerraram suas atividades por conta da economia ruim dos últimos anos.

A alta esperada no segmento supermercadista com as vendas no fim de 2018 em relação a 2017 é de 10,27%Micro e pequenos empresários não aguentaram arcar com tanto tempo de crise”, explica, acrescentado que, em menor grau, isso é visível também em shopping centers, onde há bastante disponibilidade de estabelecimentos para alugar.

Se o ano não foi dos melhores, a esperança ainda sopra com seus bons ventos. Pelo segundo mês consecutivo, o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) de Vitória apresentou crescimento em relação ao mês anterior, conforme dados divulgados pela Fecomércio-ES. O patamar de outubro ficou 1,6% mais alto do que o de setembro, marcando 112,9 pontos. Em relação a outubro do ano passado, houve avanço de 1%.

Volume de vendas do comércio varejista de janeiro a setembro de 2018 em porcentagem
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria

Sepulcri explica que o otimismo mais elevado da classe se dá pela proximidade das festas de fim de ano, épocas de maior movimento, mas a cautela ainda impera. “Os empresários estão um pouco precavidos com outros tipos de investimentos nos seus negócios, o que vai depender do desempenho do comércio nos próximos meses. Neste momento, a prioridade é reforçar as equipes de vendas para o Natal e o verão”, analisa.

Supermercados

O setor de supermercados espera um crescimento nominal de 10,27% nestas vendas do fim de ano em comparação às de 2017, de acordo com a Pesquisa Natal 2018, feita pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O cenário é, diante de uma economia estagnada, positivo, mas o sinal de alerta se mantém ligado. No recente levantamento, 66% dos supermercadistas entrevistados projetaram compras no mesmo patamar de 2017 com as indústrias e os fornecedores. Do total, apenas 18% se mostraram mais otimistas em relação ao ano passado.

Movimento no comércio: crescimento do Índice de Confiança em Vitória em outubro em relação a setembro foi de 1,6%
Movimento no comércio: crescimento do Índice de Confiança em Vitória em outubro em relação a setembro foi de 1,6%

Segundo o diretor-superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, se o otimismo não está nas alturas, também não é momento de pessimismo. O setor não teve retração e vai fechar o ano com expansão entre 2% e 2,5% nas vendas. “Não é o que esperávamos. Mas, diante da situação que o país vive, nós nos consideramos felizes. Ao menos não estamos no negativo.

O crescimento do nosso setor não é expressivo, mas estamos no azul, o que já é motivo de comemoração. No Espírito Santo, tivemos um ano não tão ruim por conta da administração pública também. Os pagamentos dos servidores em dia se refletem nas compras nos supermercados. Fez toda a diferença”, ponderou.

Schneider enfatiza ainda que não há empresas em dificuldade ou abrindo recuperação judicial no Estado, o que também é um ponto favorável. “Agora, esperamos um dezembro promissor, até com aumento de vendas em relação ao ano passado na ordem dos 10%.”

Quanto ao consumo das famílias, ele comenta que o público está cada vez mais exigente e atento às compras, e é fácil notar a substituição de produtos mais caros pelos mais baratos. “É interessante ver que o consumidor até opta por marcas mais populares, desde que elas tenham qualidade. O cliente analisa os benefícios da troca. O que percebemos é que, quando está com poder aquisitivo mais baixo, ele deixa de lado os supérfluos, aqueles itens de pouca ou nenhuma necessidade dentro de casa. Mas, nos outros produtos, só há a troca de marca quando a de preço mais baixo tem qualidade”, avalia.

Um exemplo bem claro é visto no mercado de hortifrúti. Quando um legume está na entressafra e o preço sobe, o comprador busca produtos da época, com preços mais em conta. Na prática, além de pagar menos, ele ainda consome itens de mais qualidade, que estão na safra. “Vimos muito esse comportamento do público este ano. É sinal de que quem compra quer pagar um bom preço por um bom produto”, sublinha.

A variação da moeda norte-americana também é um importante balizador, especialmente no encerramento do ciclo anual. “Em 2018, tivemos alta do dólar. Quando está assim, os importados sobem. No fim do ano o consumidor observa esse aumento nos itens da ceia, como frutas importadas, azeites, bacalhau. E, atento, busca opções nacionais para colocar na mesa. É uma tendência que notamos este ano, mas que fica mais evidente em dezembro. Foi um ano de consumo consciente, consumo eficiente e consumidor atento. E isso é bom. E, com a economia se aquecendo, nos próximos anos teremos a volta das compras mais volumosas, e as vendas tendem a crescer”, finaliza.


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