Dados divulgados pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), mostrou que a renda domiciliar per capita no Espírito Santo, no período compreendido entre 2008 e 2009, cresceu 3,9%, número acima da média brasileira e da média da região Sudeste. De acordo com a diretora-presidente do instituto, Ana Paula Vescovi, os números fazem parte dos indicadores regionais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009 , que contém informações sobre população, família, domicílios, pobreza, desigualdade, mercado de trabalho e escolaridade. “Os dados surpreenderam, uma vez que aconteceu em um contexto de recuperação da crise financeira internacional”, explica Ana Paula.
A população capixaba expandiu-se em 303 mil habitantes no período de 2001 a 2009. Apesar do crescimento continuado ao longo de todo o período, houve redução da taxa de crescimento populacional de 1,4% no período 2001-2002 para 0,9% no período 2008-2009. A composição da população por grupos etários apresentou diminuição da participação da população jovem (0 a 14 anos) de 27,6% para 24,1%, enquanto as populações adultas (15 a 64 anos) e idosas (65 anos ou mais) aumentaram suas participações de 66,3% para 68,7 e de 6,1% para 7,1%, respectivamente. Essas alterações na composição etária da população do Espírito Santo resultaram em um aumento da idade média do capixaba de 29,6 anos, em 2001, para 32,5, em 2009.
Veja abaixo alguns dados relativos com os tópicos analisados pela amostragem:
Famílias e Domicílios
Em 2009, no universo de arranjos familiares do Espírito Santo, a maior proporção foi representada por casais com 1 filho (22,7%), seguidos por casais sem filhos (17,9%) e casais com 2 filhos (17,2%). De 2001 para 2009, houve redução na proporção de casais com 3 filhos ou mais, de 18,7% para 10,6%, e aumento na proporção de casais sem filhos de 10,9% para 17,9% .
Em 2009, o número médio de filhos (até 15 anos) nas famílias do Espírito Santo, apresentou redução na maioria dos décimos de distribuição de renda, o que indica melhoria no planejamento familiar. Nos 10% com rendimentos mais baixos, o número médio de filhos declinou de 2,8 em 2001, para 2,2 em 2009. Enquanto que, nos 10% com rendimentos mais elevados o número alterou de 0,6 em 2001, para 0,4 em 2009.
O Espírito Santo apresentou tendência de queda na proporção de domicílios com densidade inadequada – domicílios com densidade superior a duas pessoas por dormitório. Em 2001, 15,7% dos domicílios capixabas foram considerados de densidade inadequada, já em 2009, este percentual foi de 8,5%. Em todo o período de análise, o Estado se manteve em melhor posição em relação à média do sudeste e do Brasil e adicionalmente obteve a maior variação percentual (-45,9%).
Pobreza e Desigualdade
No Espírito Santo ocorreu importante redução da taxa de pobreza, de 32,8% em 2001 para 15,0% em 2009, queda de 67,2% no período. A redução média observada no País foi de 61,3%. A redução de pobreza para o Estado perdeu intensidade entre 2008 e 2009, com queda de 1,3% (Gráfico 2). A taxa de extremamente pobres também sofreu decréscimo, de 12,0% em 2001 para 3,6% em 2009, com a vantagem de permanecer com redução elevada no período entre 2008 e 2009, de -14,2%.
Mercado de trabalho
No período de 2001 a 2009 verificou-se que a evolução na taxa de desemprego do Espírito Santo foi mais instável do que a taxa de desemprego do Brasil e da região Sudeste. Tal instabilidade pode ser explicada pelas altas taxas de investimento e pela conseqüente mudança na estrutura produtiva.
No ano de referência da pesquisa houve um alinhamento no comportamento do desemprego no Espírito Santo com o do Brasil e o da região sudeste. A taxa média de desemprego na década foi de 7,5%, sendo mais intenso nos extratos de renda mais baixos.
No ano de 2009 em comparação a 2008, presenciou-se um aumento de 22 mil pessoas no total da População em Idade Ativa (PIA) e diminuição de 42 mil pessoas na condição de inatividade. Dessa forma, teve-se um ingresso de 64 mil pessoas no mercado de trabalho como População Economicamente Ativa (PEA) em relação a 2008. Com isso a PEA cresceu 1,03% gerando uma maior pressão sobre a oferta de mão-de-obra sobre o total de postos de trabalho.
O aumento verificado na taxa de desemprego em 2009 também pode ser visto como um reflexo da crise econômica que atingiu o Brasil no final de 2008. Não obstante, o número de pessoas ocupadas acima de 15 anos aumentou em 19 mil no período de referência.
Escolaridade
A escolaridade média dos adultos (25 anos ou mais) no Espírito Santo, em 2009, subiu para 7,2 anos de estudo, valor equivalente a média brasileira, porém inferior a média de 7,8 anos de estudo da região Sudeste. A evolução da média de escolaridade mostra que o Estado aumentou de 6,0 anos de estudo em 2001 para 7,2 anos em 2009, um crescimento de 1,2 anos de escolaridade.
Para o Brasil, observou-se um crescimento de 1,2 anos de escolaridade e, para a região Sudeste, um crescimento de 1,2 anos de escolaridade. Percebe-se que o crescimento da escolaridade média no Espírito Santo teve uma velocidade maior se comparado ao Brasil e região Sudeste.
Para o grupo de idade entre 5 e 9 anos a freqüência escolar passou de 87,8% em 2001 para 96,2% em 2009, um crescimento de 8,8 p.p. Para o grupo de idade de 6 a 14 anos verifica-se que a freqüência escolar passou de 94% para 97,5%, aumento de 3,5 p.p. Para os indivíduos com idade entre 15 e 17 anos a freqüência escolar aumentou 12,6 p.p., ou seja, passou de 72,1% em 2001 para 84,7% em 2009. Com relação ao grupo de indivíduos com idade entre 18 e 24 anos observa-se uma queda na freqüência escolar de 7,5 p.p., isto é, passou de 29,7% em 2001 para 22,2% em 2009. A queda nesta faixa de idade pode ser um reflexo da diminuição da distorção série-idade, isto é, os indivíduos estão terminando as séries com suas respectivas idades certas. Esse efeito contribui para o crescimento da freqüência escolar para os três primeiros grupos de idade analisado e como conseqüência reduz para os indivíduos com idade entre 18 e 24 anos.
Para os indivíduos com idade superior a 25 anos percebe-se que há um crescimento da freqüência escolar neste grupo, fato que pode refletir um maior incentivo de políticas voltadas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ao se comparar os anos de 2009 em relação ao ano de 2008 percebe-se que o crescimento da freqüência escolar dos indivíduos com idade entre 15 e 17 anos foi o maior, cresceu 1,8 p.p. (82,9% em 2008 para 84,7%, em 2009). A maior queda na freqüência escolar foi verificada para o grupo de idade entre 18 e 24 anos, uma queda de 2,2 p.p. (passou de 24,4% em 2008 para 22,2% em 2009).