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quinta-feira, 18 abril, 2024

Caminhoneiros entram no quarto dia de manifestações

A paralisação começa a afetar o abastecimento de combustíveis e alimentos no Estado

Chega ao quarto dia as manifestações dos caminhoneiros em todo o país. Os manifestantes estão ocupando 24 pontos nas rodovias que cortam o Brasil, tudo por contra do preço elevado dos combustíveis. No Espírito Santo, 16 pontos estão interditados.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a maioria das manifestações ocorre nos acostamentos, onde os caminhoneiros param os veículos em fila. Nos trechos, os veículos de carga (carretas e caminhões) são abordados e os motoristas orientados a estacionarem nos acostamentos. Veículos de passeio, ônibus, motos e veículos de emergência passam normalmente pelas rodovias.

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Desta forma, começa a faltar gasolina, diesel e alimentos em vários pontos do comércio capixaba. Os caminhoneiros bloquearam as duas entradas de acesso às Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), impedindo a entrada dos produtos na manhã desta quinta-feira (23). As movimentações começaram às 19 horas de ontem.

Os alimentos que antes eram vendidos com preços mais baixos já começam a triplicar o valor. A batata inglesa, por exemplo, que era vendida a R$1,60 o quilo, agora está sendo comercializada por R$5,00 o quilo.

De acordo com o presidente da Associação Capixaba dos Supermercados (Acaps), Helio Schneider, a maioria desses alimentos não são estocados pelas empresas, por isso a procura será cada vez maior. “A população continuará nesta busca, por isso uma solução é transportar esses alimentos em veículos de pequeno porte, passando por vias alternativas, mas até esses pontos estão sendo bloqueados”, disse.

Impactos econômicos

A greve dos caminhoneiros já começou a apresentar impacto direto na falta de produtos do setor alimentício e na alta dos preços dessas mercadorias. Como os alimentos não conseguem chegar aos centros de abastecimentos por estarem presos nas estradas que estão parcialmente interditadas, os que estão à venda nos supermercados estão com preços superfaturados.

A professora de Economia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, Michele Nunes, afirma que “os comerciantes tendem a aumentar o processo do produto escasso e dos que ainda não estão disponíveis. Além disso, a entrega mais cara vai recair também sobre o preço. Trata-se da lei da demanda e da oferta. Quanto maior a extensão da greve, maior o impacto nos preços. Isso vai pesar bastante no bolso dos consumidores”, explicou.

Combustíveis

A greve dos caminhoneiros também já está afetando a quantidade de combustível. Nos postos, as filas para conseguir abastecer os veículos têm sido cada vez maiores, com isso alguns postos aumentam o valor por conta da procura.

Em Cachoeiro de Itapemirim, por exemplo, houve a redução de 25% da frota de ônibus que circula no município. A partir desta quinta, os ônibus circularão com o horário de sábado para continuar a atender à população.

A falta de combustível também já pode ser percebida em municípios como Muniz Freire, Irupi, Rio Novo do Sul, Iconha, Castelo, Vargem Alta, Divino São Lourenço, Atílio Vivacqua, Iúna, Anchieta e Ibatiba. Já em Alfredo Chaves, Itapemirim, Muqui, Dores do Rio Preto, Apiacá e Alegre, os postos só tinham combustíveis para atender até a terça-feira (22).

Aeroportos

Os aeroportos também estão passando por dificuldades na questão de abastecimento dos combustíveis. A Infraero emitiu um alerta nesta quarta-feira (23) sobre o risco dos terminais aéreos serem prejudicados.

No Rio de Janeiro, o Aeroporto de Santos Dumont precisou cancelar voos pela falta de combustível para abastecer as aeronaves. O terminal só tem combustível estocado até hoje, de acordo com o relatório do Núcleo de Acompanhamento e Gestão Operacional (Nago), divulgado em Brasília. O Galeão, também na cidade fluminense, não apresenta problemas de estocagem.

No Espírito Santo, a empresa afirmou que a situação não é preocupante. Por meio de nota, a Infraero informou que “monitora a quantidade de combustível no Estado e que não está enquadrado no nível de alerta emitido anteriormente”.

Caminhoneiros entram no quarto dia de manifestações
Foto: Divulgação

Já os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e os de Palmas (Tocantins), Recife (Pernambuco), Maceió (Alagoas) e Aracaju (Sergipe) têm combustível suficiente

A empresa disse que já notificou as companhias aéreas sobre a dificuldade de obter os combustíveis e lamentou o transtorno causado aos passageiros que utilizam o terminal aéreo em Vitória.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) recomendou aos passageiros “com voos marcados para os próximos dias que consultem as empresas aéreas antes de se deslocarem para os aeroportos até que a situação se normalize”.

Sem acordo

Representantes dos caminhoneiros se reuniram com ministros da Casa Civil, Transportes e Secretaria de Governo nesta quinta-feira (23), mas afirmaram que saíram da reunião sem nenhum acordo. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, um novo encontro ficou agendado para hoje.

A Agência Brasil informou que o presidente Michel Temer se pronunciou pedindo uma “trégua” aos manifestantes, pois o prejuízo tem sido desastroso.  “Pedi que na reunião se solicitasse uma espécie de trégua para que em dois, três dias no máximo, pudéssemos encontrar uma solução satisfatória para os caminhoneiros e para o povo brasileiro”, disse.

As principais reivindicações dos caminhoneiros são a redução de impostos sobre o preço do óleo diesel, como PIS/Cofins e ICMS e o fim da cobrança de pedágios dos caminhões que trafegam vazios nas rodovias federais que estão concedidas à iniciativa privada.

Interdições

Polícia Rodoviária Federal informou que os trechos em que há aglomeração dos caminhoneiros são os seguintes:

  • km 125, em Sooretama;
  • km 214, no trevo de acesso à Aracruz, Ibiraçu;
  • km 247, zona rural da Serra;
  • km 285, Rodovia do Contorno, em Cariacica;
  • km 304, região do trevo de Viana;
BR 101
  • km 159, na altura de Bebedouro, em Linhares;
  • km 204, no trevo com a BR 259, em João Neiva;
  • km 305, no trevo com a BR 262 em Viana;
  • km 376, em Iconha;
  • km 414, no trevo da Safra, em Itapemirim.
BR 262
  • km 95, na altura da Fazenda do Estado, em Pedra Azul, Domingos Martins;
  • km 156, em Ibatiba.
BR 259
  • km 46, em Colatina;
  • km 51, em Colatina

Também foi identificado um local de protesto no km 945, em Mucuri, Sul da Bahia.

BR 447
  • km 13,7 (trevo de acesso ao ponto de Capuaba, Vila Velha);

 

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