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quinta-feira, 28 março, 2024

Quanto vale a sua empresa?

Quanto vale a sua empresa?

Buscar dados sobre a força atual de sua empresa no mercado e sua perspectiva futura é, também, uma ótima forma de conseguir poder de barganha

Por Redação ES Brasil

Varejo, metalomecânico, siderurgia, alimentício, têxtil. Seja qual for o ramo de atuação de sua empresa, a pergunta “quanto vale o meu negócio?” pode causar grandes dúvidas. Responder a essa questão envolve inúmeros cálculos e fatores, o que pode, muitas vezes, flertar com o campo da subjetividade. Afinal, o que é importante de ser contabilizado para uma empresa de um segmento pode não ser para outra. Há ainda o fato de que muitas pequenas empresas são de origem familiar, nas quais existe ainda o componente emocional, que, para muitos, não pode ser subestimado e eleva o valor da empresa. Logo, o “como” passa a ser a maior dúvida para se chegar ao “quanto”.

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Para o economista da SomaInvest, Rodrigo Morosky, embora a tendência seja concentrar a avaliação de empresas ou ativos em consultorias especializadas, é importante frisar que as avaliações, em sua maior parte, são “comparativas”. “Basear-se no preço que bens similares atingem no mercado é uma das mais antigas formas de avaliação, e todo empresário deve ficar atento aos movimentos do mercado no qual está inserido e buscar comparar empresas do mesmo setor”, explicou.

Os benefícios da avaliação

Buscar com antecedência dados sobre a força de sua empresa no mercado, saber quanto ela vale atualmente e sua perspectiva futura é, também, uma ótima forma de conseguir poder de barganha. Mas, para além de óbvias vantagens na hora de uma eventual venda, conhecer o valor da própria empresa pode conceder grande articulação na hora de buscar um empréstimo, por exemplo. Por isso, avaliar a empresa é ter informações para negociar não só sua possível venda, mas possibilidades de crescimento e expansão e até mesmo uma nova chance após um período desastroso da economia.

Para Rodrigo Morosky, a avaliação desempenha um papel fundamental em muitas áreas financeiras e no caso de fusões e aquisições. “Se o objetivo é a maximização do valor da empresa, o relacionamento entre decisões financeiras, a estratégica corporativa e o valor da empresa tem que ser delineado. No caso de fusão ou aquisição, a avaliação desempenha papel central da análise para estabelecer o preço-justo e os possíveis ganhos de sinergia sobre o valor agregado das duas empresas. Existem outros momentos em que é comum que os empresários se preocupem em calcular o valor de seus negócios: quando decidem procurar investidores que possam trazer recursos ou ao receberem propostas de gente interessada em comprar a empresa”, falou.

O presidente da Hortifruti, Tiago Miotto, por exemplo, é enfático ao falar sobre a hora certa de avaliar o valor de uma empresa e as vantagens para um empreendedor em saber quanto vale o seu negócio. “Uma empresa pode ser muito valiosa para o seu dono e não ter nenhum valor de mercado, porém, o monitoramento de quanto vale uma empresa passa a ser muito importante a partir do momento em que se obtêm benefícios dessa informação. Os benefícios podem ser a liquidez do seu negócio, uma melhor condição para se obter capital para investimentos ou ainda o monitoramento constante da percepção dos stakeholders, que pode ser traduzido como um forma de monitoramento de desempenho da companhia”, destacou.

Segundo Tiago, a definição do preço em qualquer transação depende de diversos fatores, e quando o que está em jogo é uma empresa, é natural haver maior complexidade ainda. “Em nosso caso, o valor da companhia decorreu da perspectiva de crescimento, da viabilidade de geração de valor e do reconhecimento da marca Hortifruti. Sem dúvida, a estrutura física dos centros de distribuição, as lojas comercias e a frota logística estão embutidos nessa precificação”, explicou.

Desafios das empresas

Mas, se, entre as empresas de maior porte, saber quanto vale o negócio é uma demanda do próprio mercado, as micro e pequenas ainda não têm tido essa preocupação. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), Sergio Dominguez Sotelino, há, no Espírito Santo “meia dúzia de grandes corporações, com ações cotadas em bolsa, e uma enorme quantidade de micro e pequenas empresas que não têm a tradição de ter esse tipo de preocupação”. De acordo com o executivo, não há um mercado de balcão, de compra e venda de empresas, mas, no caso de grandes empresas quererem saber quanto valem, “bastaria pegar o número de ações da empresa na Bolsa de Valores, ver a cotação e, teoricamente, se chegaria ao valor do negócio no momento”, explicou.

Para Sergio, outro indicador interessante para tratar do valor de uma empresa é o Conselho de Administração, algo ainda raro de se achar em empresas menores. “Há muita intenção de se criar algo, mas pouca reação. Quantas empresas ainda têm uma boa contabilidade, um instrumento importantíssimo para a avaliação da empresa? O Estado, e diria que quase todo Brasil, carece de uma boa estrutura nesse sentido”, disse.

Conhecer seu negócio e o mercado, além de ter todos os dados da contabilidade na mão, para o diretor do Ibef, é o principal cuidado que faz a diferença na hora da avaliação. “Como você vai provar para o comprador que a sua empresa vale, por exemplo, R$ 10 milhões? Tem que mostrar o balanço dos últimos anos, toda a informação e fazer uma projeção. Muitas vezes, só se tem a preocupação de saber o quanto vale uma empresa quando há necessidade da venda, ou seja, uma hora ruim para negociar e obter um bom valor. É preciso ser empresário, e não apenas empreendedor. O empreendedor é bom em enxergar chances, mas o empresário é quem já está olhando também o futuro de suas decisões”, enfatizou.

Por isso, afirma o presidente do Ibef-ES, ter uma boa governança, tanto para pequenas, médias e grandes empresas, é sair na frente no processo de avaliar uma empresa. “Governança significa ter planejamento, acompanhamento de processos e uma boa política de recursos humanos. Com governança, o empresário transforma um empreendimento em um sucesso, durante a sua permanência no mercado e também na sua retirada, com a venda”, finalizou Sergio.

Saber quanto vale o negócio, entretanto, não é importante apenas no momento de negociá-lo, mas é, também, uma ferramenta de gestão estratégica empresarial. Por isso, vale à pena se perguntar sempre o valor de mercado de sua empresa. Assim, certamente, ela será ainda mais valorizada por seu empreendedor, que, diante das informações sobre quanto vale o seu negócio, saberá tomar decisões, inclusive, a de negociar a empresa, se for o caso, ou a de investir nela, aumentando seus ativos e, consequentemente, seu valor de mercado.

Esta matéria foi publicada originalmente em 10 de Outubro de 2011 no portal da Revista ES Brasil. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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