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sexta-feira, 19 abril, 2024

Quanto a poluição afeta a vida do asmático?

Relação entre poluição e asma será melhor compreendida após pesquisa multidisciplinar inédita

A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está protagonizando uma pesquisa inédita sobre os efeitos da poluição em crianças e adolescentes de Vitória, portadoras de asma, doença caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. Intitulada de “AsmaVix”, a pesquisa irá a campo, dentro das casas dos participantes, para aferir qual é o tipo de agente poluidor que gera as crises – os episódios asmáticos.

Professor do Departamento de Ciências Fisiológicas e diretor de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufes, José Geraldo Mill é um dos coordenadores da equipe multidisciplinar que realiza o estudo, também coordenado pela professora do Departamento de Engenharia Ambiental, Jane Meri Santos.

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Mill explica que o diferencial é que serão utilizados dados primários coletados entre os doentes asmáticos nos ambientes onde eles vivem. Os estudos anteriores eram baseados em dados secundários, geralmente aferidos junto ao material recolhido pela rede de saúde. “Vamos fazer um refinamento do que já existe, porque não há mais dúvida que a poluição atmosférica prejudica a respiração de asmático. Isso já está bem documentado. Mas quando perguntamos, por exemplo, em que nível de material particulado ultrafino inalado a respiração começa a ser afetada, isso nós não sabemos”, explicou Mill. “A poluição em Vitória varia muito em função das fontes poluentes e da direção dos ventos. Por isso, é importante fazer um estudo exógeno preciso e diferenciado, para que a amostragem possa ser bem precisa”, completa o pesquisador.

“Acreditamos na importância deste estudo para a sociedade na qual estamos inseridos e na isenção e expertise da Ufes para conduzir uma pesquisa inovadora, que inclusive contará com uma estação móvel de monitoramento da qualidade do ar. Outro ponto é que a comunidade médica e científica está sendo engajada e acompanhando essa iniciativa desde a sua concepção, inclusive contribuindo com sugestões para a Ufes. Isso acrescenta governança e transparência ao estudo, estando totalmente aderente à Política de Integridade da empresa”, destaca João Bosco Reis da Silva, gerente geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal Tubarão quem financia tais estudos.

O gestor aponta ainda que os resultados da pesquisa poderão ser úteis para a elaboração de políticas públicas que promovam com fatos e dados a melhoria da qualidade do ar na região .

Quanto a poluição afeta a vida do asmático?
O professor do Departamento de Ciências Fisiológicas e diretor de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufes, José Geraldo Mill, é co-coordenador do projeto.
Poluição e asma

Uma das dificuldades em relação ao tratamento de asmáticos é que os indivíduos respondem de maneira diversa aos poluentes contidos no ar. Alguns são mais sensíveis a ácaros, pólen, pelos de animais, fungos, fibras de tecidos e outros componentes contidos na poeira. Os efeitos dos gases ainda são bem pouco conhecidos.

“Como regra geral, sabemos que os poluentes são prejudiciais ao asmático, mas nem todo asmático responde de modo idêntico aos diferentes poluentes. A quantidade e os tipos de poluentes variam em função do local e das atividades humanas desenvolvidas numa região. Por isso os estudos dos efeitos na asma realizados em um país ou local não são obrigatoriamente aplicáveis a outras regiões”, aponta o sumário do projeto.

Muito embora já tenham sido feitos outros estudos no Brasil acerca dos efeitos da poluição sobre a asma, não se conhece ainda quais os poluentes que mais dificultam o funcionamento do aparelho respiratório nos portadores da doença. O AsmaVix foi planejado para quantificar a influência de diferentes poluentes do ar (gases e material particulado) nos sintomas de asma em crianças e adolescentes de 8 a 14 anos que moram em diferentes bairros.

Mill explica que as doenças crônicas, como a asma, têm caráter complexo, pois seu aparecimento depende tanto de predisposição genética quanto de fatores ligados ao meio ambiente (alérgenos ambientais e poluição atmosférica), ao estilo de vida (obesidade, atividade física, etc.) e à presença de infecções virais recorrentes.

Como será feito o estudo

O AsmaVix terá duas frentes de pesquisa: uma aferindo a poluição (exposição) e a outra o impacto desta poluição na respiração (desfecho). A meta do projeto é estudar cerca de 200 crianças e adolescentes que moram nas regiões de Maruípe, Andorinhas, Maria Ortiz e Enseada do Suá.

Um profissional medirá diretamente a dificuldade de respiração de portadores de asma no próprio domicílio, isto é, antes de a pessoa precisar procurar assistência médica em serviços de pronto atendimento. Para isso, o monitoramento da respiração será realizado por 10 a 15 dias, de manhã e à noite, no verão e no inverno, uma vez que a temperatura ambiente tem forte impacto no aparecimento de sintomas de asma. Serão usados aparelhos portáteis (espirômetros) capazes de fornecer dados precisos sobre o impacto da poluição no aparelho respiratório.

Por meio de uma estação de monitoramento móvel instalada no bairro onde os asmáticos estiverem sendo acompanhados, a poluição será verificada. O equipamento mede automaticamente, a cada dia, a concentração de material particulado de diferentes tamanhos e de gases com potencial efeito nocivo sobre a saúde. Em algumas residências, será feita, também, a monitorização da qualidade do ar dentro do domicílio, permitindo avaliar como a variação do ar externo influi no ambiente interno.

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