23.3 C
Vitória
quinta-feira, 18 abril, 2024

PMEs já podem viver a indústria 4.0

Imagine você, pequeno e médio empresário, que existe uma solução que, ao mesmo tempo, reduz seus custos com matéria-prima e retrabalhos e aumenta sua capacidade de produção, seu faturamento e seu controle sobre os processos industriais. Imagine, então, que tudo isso seria feito sem necessidade de trocar ou aumentar seu parque de máquinas. Se colocarmos nessa equação a capacidade de customização de cada produto que sai da linha, sem perda de tempo ou dinheiro no processo, essa hipótese pode parecer até um delírio.

Mas não é delírio nenhum afirmar que a automação de processos industriais, por meio da adoção de tecnologias digitais, já é uma realidade no segmento de manufatura. A questão é que tais tecnologias são desconhecidas por 57% das pequenas empresas que responderam à pesquisa “Indústria 4.0: novo desafio para a indústria brasileira” – uma sondagem nacional, coordenada pela Confederação Nacional da Indústria, sobre a adoção de tecnologias digitais relacionadas à era da manufatura avançada.

- Continua após a publicidade -

A pesquisa considerou dez tecnologias, entre elas a automação com e sem sensores, adoção de MES (sistema de execução de manufatura, na sigla em inglês) e coleta, processamento e análise de grandes quantidades de dados (big data). O motivo de elencá-las tem tudo a ver com o cenário imaginário que criei no começo desse texto. Essas três tecnologias, combinadas, são a solução para que, no curto prazo, as pequenas e médias empresas de manufatura atinjam os benefícios da indústria 4.0.

A adoção de um sistema que integra o parque de máquinas ao ERP, caso do MES, permite o monitoramento de todo o processo de chão de fábrica em tempo real, sem esperar ocorrências acontecerem. Isso leva a uma série de vantagens, mas eu destacaria a redução de perdas com baixa produtividade, a garantia de produtos em conformidade com as normas técnicas e a precisão no controle de materiais.

Mas deixei o melhor para o final. O maior trunfo do MES é aperfeiçoar a OEE (eficiência geral do equipamento, na sigla em inglês) do parque de máquinas. O que isso quer dizer? Quer dizer que ele faz um diagnóstico de quanto a máquina é capaz de produzir (100%) e quanto ela está produzindo (vamos usar 55% de exemplo); e ajusta essa eficiência, identificando gargalos, acertando tempos de transição e levando a um melhor indicador de OEE (o máximo gira em torno de 85% – devido a pausas de manutenção, trocas de turno etc).

Aí você vai me perguntar: meu parque de máquinas tem muitos anos, tem como fazer essa automatização? E eu vou te responder que sim. Equipamentos mais antigos podem ser automatizados, desde que tenham CLP (Controlador Lógico Programável).

Já automatizamos a unidade fabril e a integramos ao ERP. Agora você pode passar a contar com tecnologias como a de identificação por radiofrequência (comumente chamada de RFID) para gerenciar dados de todo o ciclo de vida do seu produto, do momento do pedido até o pós-venda. Isso, além de dar informações que permitem um controle melhor de almoxarifado e até um atendimento mais rápido e personalizado no pós-venda, te traz para o mundo Big Data – em que você vai usar os dados, de forma estruturada, para tomar decisões estratégicas.

Para amarrar isso tudo, você ainda pode contar com um BPM (sistema de gerenciamento de processos do negócio). E essa é a última sigla que vou usar, mas uma das mais importantes para que o gestor de uma indústria sinta o benefício da Indústria 4.0 no dia a dia da empresa. Com o uso de uma plataforma de produtividade, além de ter acesso a um painel com todos os indicadores de gestão, é possível gerenciar e controlar documentos, suas revisões e aprovações; criar comunidades para projetos específicos; centralizar conhecimento; disponibilizar cursos, entre um mundo de outras possibilidades.

A última questão talvez seja a que você mais esperava ler. Quanto isso tudo vai me custar? Bom, isso vai depender do tamanho da sua empresa, da maturidade da sua gestão e do seu plano de negócios. Mas o que posso afirmar é que o investimento necessário nessas tecnologias para se ter mais produtividade se paga muito rapidamente com os benefícios diretos elencados acima e quando o faturamento passa a ser mais expressivo. E esse aumento virá, com certeza, quando a sua indústria for 4.0.

Carlos Valle é diretor do segmento de Manufatura da TOTVS.

Mais Artigos

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Fique por dentro

ECONOMIA

Vida Capixaba