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quinta-feira, 28 março, 2024

Operação investiga alterações ilegais em veículos de carga

Os veículos tinham capacidade de carga aumentada de forma clandestina e sem passar por critérios e exigências dos órgãos de fiscalização

A Polícia Rodoviária Federal (SRPRF-ES) e o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Central), com apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES, prenderam 14 pessoas na operação chamada de “Raptores”, deflagrada na quarta-feira (21).

A operação tem como objetivo desarticular e colher provas da atuação de associações criminosas especializadas em modificações e em alterações ilegais de veículos de cargas e em dados cadastrais veiculares junto aos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans).

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Sob a coordenação dos membros do Gaeco-Central, as investigações começaram no início de 2017 e contou com o apoio de membros dos Gaecos da Bahia e de Minas Gerais, e ainda com o auxílio de 19 agentes, 150 policiais rodoviários federais e policiais militares.

Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão no Espírito Santo, na Bahia e em Minas Gerais. No Espírito Santo, foram presos um dos chefes do esquema, que mora em Viana e é dono de uma oficina, além de outros três donos de oficinas, suspeitos de participarem da adulteração de estruturas de veículos de carga de forma fraudulenta, e de um empresário que emitia laudos falsos sobre a situação dos veículos.

Como funcionava o esquema

A Operação Raptores identificou 579 carretas com a estrutura adulterada, 151 delas com a autoria da fraude comprovada. Essas alterações nos veículos aconteciam em quatro oficinas mecânicas do Estado: duas em Viana, uma em Linhares e uma em Cachoeiro de Itapemirim.

Investigações

As investigações tiveram início após suspeitas de roubos de carga e veículo, mas foi verificado duas organizações criminosas que atuavam na alteração da capacidade de carga das carretas e fraude de documentos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

De acordo com as apurações, os veículos tinham capacidade de carga aumentada de forma clandestina e sem passar por critérios e exigências dos órgãos de fiscalização. Essas alterações afetavam partes importantes dos veículos como freios e pneus.

A quadrilha usava eixos de carretas envolvidas em acidentes, já desgastados, para fazer a adulteração. Em um dos casos, um reboque de carro de passeio, feito para carregar 300 quilos, foi adulterado para ser usado em uma carreta, transportando 35 toneladas.

Operação investiga alterações ilegais em veículos de carga
Essas alterações nos veículos aconteciam em quatro oficinas mecânicas do Estado: duas em Viana, uma em Linhares e uma em Cachoeiro de Itapemirim (Fotografia – Divulgação)
Adulteração

O promotor de Justiça e coordenador do Gaeco do MPES, Bruno Simões, destacou que os veículos tinham a estrutura mudada em oficinas mecânicas do Espírito Santo sem a autorização de órgãos fiscalizadores e sem inspeção.

Depois da adulteração, a documentação desses veículos era enviada para ser regularizada fraudulentamente nos Departamentos de Trânsito dos Estados de Minas Gerais e da Bahia por servidores recebiam propina, porque a quadrilha não conseguia fraudar os documentos no Espírito Santo.

“Esses caminhões não passaram por nenhuma certificação por institutos especializados nessas verificações. Neles eram usados eixos adulterados, adquiridos em ferros velhos e de veículos de origem ilícita, alterando a capacidade de peso do caminhão de forma drástica. Eles buscaram servidores públicos de Minas Gerais e Bahia, pagavam uma propina, e lá inseriram as informações falsas em documentos válidos e encaminhavam para o Espírito Santo para que o veículo pudesse trafegar”, ressaltou.

Conforme apurado pelo Gaeco-ES e pela PRF, veículos adulterados envolveram-se em dezenas de acidentes com mortes em vias federais, estaduais e municipais. A ocorrência de maior gravidade em rodovias federais no Espírito Santo, envolvendo uma carreta transportando rocha ornamental e um ônibus, que causou a morte de 23 pessoas na BR 101, em Guarapari, faz parte das apurações que ensejaram nos mandados expedidos. Isso não pode ser redigido dessa forma.

“Essas adulterações faziam com que os veículos perdessem algumas características, tanto em relação à segurança deles, como freio, em relação as estruturas, que não eram preparadas para aguentar mais peso, e também faziam com que o condutor perdesse a dirigibilidade do veículo, ou seja, o próprio veículo fazia com que ele ou fosse para fora da pista ou invadisse a contramão. Temos diversos acidentes de veículos que invadiram a contramão, causaram colisões frontais, com mortes tanto do condutor desse veículo pesado, quanto de ocupantes de outros veículos”, disse o superintendente da PRF no Estado, Wylis Lyra.

Mobilização

Essa foi a primeira fase da operação e as investigações continuam. Segundo o superintendente da PRF no Estado, Wylis Lyra, uma nova fase da operação irá investigar os donos dos veículos que pagaram para ter o veículo adulterado pela quadrilha. Nessa nova fase da operação, o trabalho será em conjunto com o Detran-ES para identificar caminhões que passaram por modificação. “O objetivo é apreender os que já foram adulterados e impedir que novas fraudes aconteçam”, disse Lyra.

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