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terça-feira, 16 abril, 2024

Memória e atualidade de Goiabeiras

Memória e atualidade de Goiabeiras

Até meados do século XX, toda a região de Goiabeiras, com seus 7,7 milhões de metros quadrados, pertencia a alguns poucos fazendeiros, produtores de gado de corte e de leite, e o direito de cobrar impostos era disputado pelos municípios de Vitória e da Serra.

O pior é que, enquanto não se resolvia a questão, nenhum dos dois municípios realizava benfeitorias naquelas terras. Esse conflito de jurisdição durou até 1942, quando a área foi incorporada definitivamente ao município de Vitória. Entre outras, existiam na região as fazendas do coronel Manduca Nunes e de Dorinho Nunes e as terras de Lourival Nunes (pai do ex-prefeito da Serra Aldary Nunes), onde foi construído o conjunto Atlântica Ville.

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No Jardim da Penha, região conhecida na época como Mata de Maruípe, Aristóteles Meireles comandava a sua fazenda. Henrique José Ribeiro era proprietário das terras que englobam hoje os bairros de Antonio Honório, Maria Ortiz e Solon Borges, e Rômulo Castelo foi o dono da área correspondente atualmente aos bairros República e Morada de Camburi.

Durante a II Guerra Mundial, o perfil de Goiabeiras mudaria radicalmente. O “campo de aviação”, que já existia desde a década de 1930, foi equipado para receber aeronaves de maior porte, que faziam o patrulhamento do litoral, e, anos depois, passou a ser o atual Aeroporto de Vitória. Como havia necessidade de iluminar a pista, para balizar voos noturnos, Goiabeiras recebeu um
gerador que, após a guerra, iria beneficiar a pequena população local e iluminar as casas no período das 6 horas da tarde à meia-noite. A água encanada só chegou à região em 1958, e os moradores passaram a contar com energia elétrica em 1962.

Nos primeiros tempos do bairro, era intensa a atividade pesqueira, que se estendia até a região de Camburi e os mangues. Os moradores mais antigos garantem que foi em Goiabeiras que surgiu a receita da autêntica moqueca capixaba, orgulho da nossa culinária. E as paneleiras, ali instaladas, preservam a tradição artesanal herdada dos indígenas, que já fabricavam panelas de barro bem antes do desembarque dos portugueses.

Memória e atualidade de Goiabeiras
Ainda hoje, conta Laurinda Lucidato, quando não há viração soprada do mar, as paneleiras assoviam chamando o vento, pois sem ele o fogo não é suficiente para completar o cozimento das peças. Na Reserva Ecológica Mata de Goiabeiras, em Goiabeiras Velha, trabalham pesquisadores e estudiosos das espécies da fauna ameaçadas de desaparecimento. A música e o congo fazem parte da história local, destacando- se o compositor e cantor Leopoldo Gomes Sales, os violonistas Caboclo, Moacir Viriato e Romeu Nascimento, e os tocadores Nis do Nascimento e Wilson Corrêa (cavaquinho); Agenor Alvarenga (banjo); Deolindo Rosa Pinto (pandeiro) e Manoel Correia (tambor).

Congueiros famosos e inesquecíveis: Amarolino Sales, Aristides Lucidato, João Ribeiro, João Sales, Anorino e Antoninho Nascimento, assim como os cantores Reginaldo Gomes Sales e Astrogildo do Nascimento. Passaram pelo clube de futebol Três de Maio, fundado em 1938, o goleiro Agenor Gomes, que jogou depois no Santos e no São Paulo e que ficou conhecido nacionalmente como Manga. Outro jogador bastante lembrado: Bueno, tricampeão pelo Clube Atlético Mineiro e que atuou também na Portuguesa de Desportos, de São Paulo. A área onde se formou o núcleo original de Goiabeiras e Jardim Camburi é hoje conhecida como Goiabeiras Velha, bairro residencial com cerca de 5 mil habitantes.

Entre os que contribuíram significativamente para o desenvolvimento local são citados o empresário Nelson Calmon; o radialista e deputado estadual Darcy Castelo de Mendonça; Helena Pignatari, primeira vereadora eleita para representar os moradores; Lauro Calmon Nogueira da Gama, também vereador; José Gomes Loreto, Arnaldo Gomes Ribeiro e Leopoldo Sales. A partir dos anos 60 e 70, a criação do campus da Universidade Federal do Espírito Santo, a duplicação da Avenida Fernando Ferrari e a extinção do Lixão de Goiabeiras contribuíram para o vertiginoso crescimento de Goiabeiras, que reúne hoje cerca de 66 mil habitantes.

Memória e atualidade de Goiabeiras
Outras personalidades de destaque, segundo os moradores: a professora Jacynta Simões Ferreira, pioneira na área da educação, as parteiras Agripina, Romanina e Olivia, e as benzedeiras Marcionilia Barbosa Loureiro e Maria de Amilton, todas elas muito procuradas, na ausência dos médicos. (Fonte: “Goiabeiras”, coleção Elmo Elton, Secretarias Municipal de Cultura). (Copidesque: Rubens Pontes).

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