Nesta semana, o juiz receberá o dono de uma grande empreiteira brasileira e o questionará sobre um apartamento em São Bernardo do Campo, em São Paulo
O caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está bem longe de terminar. Nesta quarta-feira (11), o juiz federal Sérgio Moro receberá o empreiteiro Marcelo Odebrecht para questioná-lo sobre um apartamento que, para o Ministério Público Federal (MPF), fez parte de um esquema de pagamento de propina ao ex-presidente e o PT.
Além do empreiteiro, um ex-executivo da empresa, Paulo Baqueiro de Melo, também será ouvido por Moro a pedido das defesas de Lula e de outros réus, às 16h.
O imóvel, localizado em São Bernardo do Campo, em São Paulo, teria sido uma das formas encontradas pela empresa para “pagar” a Lula por benefícios em contratos com a Petrobras. O caso pode representar a segunda condenação dele na Lava Jato.
De acordo com a BBC, além do tríplex no Guarujá, que levou Lula ao cárcere no último sábado (07), a Odebrecht também teria comprado um terreno para a futura sede do Instituto Lula, localizado também em São Paulo.
A transação com o terreno foi mais tarde desfeita. Os dois imóveis somariam cerca de R$ 13 milhões em propina. Lula nega ter recebido vantagens indevidas.
O petista foi ouvido neste processo em setembro passado. Desde o fim de 2017, Moro analisa pedidos das defesas do ex-presidente e dos outros réus, para esclarecer dúvidas ou omissões nas provas já reunidas no caso.
O bilionário baiano, que, após acordo de delação premiada, cumpre pena de dois anos e meio de prisão domiciliar em São Paulo, desde dezembro, terá de falar sobre novas mensagens de e-mail supostamente relacionadas à compra do terreno para o Instituto Lula na rua Haberbeck Brandão, na capital paulista.
No e-mail, Marcelo solicita medidas para que não sejam identificados no trâmite da investigação e se refere ao ex-deputado federal pelo PT, Antônio Pallocci, como “italiano”, que segundo o MPF, foi quem intermediou a negociação junto com o assessor Branislav Kontic, o Brani.
Defesa
Segundo a BBC, a defesa de Lula acredita que os procuradores da Lava Jato elegeram Lula como inimigo, e estão usando o processo legal como uma arma de guerra contra o petista, no que a defesa chama de “lawfare”.
Para os advogados de Lula, o MPF não conseguiu traçar, por exemplo, o “caminho do dinheiro” desde os contratos entre a Petrobras e a Odebrecht até a compra do terreno ou do apartamento. A defesa do ex-presidente também juntou várias perícias técnicas no processo, questionando a documentação entregue pela empreiteira.