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quinta-feira, 28 março, 2024

Jorge Luiz Nicchio

O Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo.

Pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) em 2017 aponta que os brasileiros consumiram 1,7 milhão de toneladas do produto no ano passado. E o Espírito Santo é o maior produtor nacional de café conilon, responsável por entre 75% e 78% da produção nacional, se destacando no cenário mundial.  Para falar sobre o assunto, o presidente do Centro de Comércio do Café de Vitória, Jorge Luiz Nicchio, contou à ES Brasil como os produtores capixabas se preparam para comercializar 8 milhões de toneladas de grãos colhidas neste ano e as perspectivas para os próximos anos.

A Associação Brasileira do Café lançou uma pesquisa em que o Brasil está perto de se tornar o maior consumidor mundial de café, quase se aproximando dos Estados Unidos, consumindo quase 80 litros de café por dia. Como o país tem se articulado e incentivado o consumo do produto?

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Vai demorar um pouco para o Brasil chegar perto dos Estados Unidos, pois estamos consumindo cerca de 22 milhões de sacas, enquanto nos EUA são 25 milhões ao ano. Acredito que ainda há um espaço para alcançar, e só não alcançamos porque houve recessão, ou seja, não houve crescimento da economia brasileira por dois anos. Estamos em uma economia de “marcha-ré”, pois a população empobreceu mais nos últimos quatro anos. Se não fosse por isso, já teríamos nos aproximado dos Estados Unidos. Acho que o principal ponto é que somos os principais produtores e temos cafés de todos os tipos disponíveis nas prateleiras. Os brasileiros consomem muito café, são várias considerações.

O crescimento do consumo é em consequência da qualidade e oferta dos cafés?

Sim. A produção e a qualidade do nosso café têm estimulado as pessoas a tomar mais café. É um ponto importante.

Como está, especificamente, o destaque dos cafés especiais do Espírito Santo, em nível mundial?

As exportações brasileiras de cafés especiais e os consumos têm aumentado ano a ano. Hoje, cerca de 20% do café exportado do Brasil representam um café diferenciado e esse número, há 6 ou 7 anos, era de 10%.

Jorge Luiz Nicchio

Qual é o valor desse café para o consumidor final? Quais as diferenças do café que a maioria das pessoas consome em relação a esses especiais?

Existem diversas diferenças. Tem café com 20% até 1.000% de valor a mais, é muito variado. Existem cafés especializados e até premiados nesta lista e que acabam tendo o preço agregado. São cafés que ganharam concursos e que podem ser vendidos a 6 mil, 8 mil até 10 mil reais a saca de 60 kg.
O Espírito Santo produz cafés que competem igualmente com os melhores do mundo.

O montante da produção de café do mês de junho está sendo considerado maior do que o que foi produzido em todo o ano de 2017.

“O principal ponto é que somos os principais produtores e temos cafés de todos os tipos disponíveis nas prateleiras”

O que levou a esse resultado?

Esse dado é referente ao café conilon. Em junho, exportamos 280 mil sacas, e em 2017, foram 270 mil sacas. O pior resultado, menor nível de exportação de conilon nos últimos 40 anos.  A seca entre 2014 e 2016 foi a causa da queda na produção do café no Estado. O conilon colhido nos anos de 2016 e 2017 foi praticamente todo destinado ao mercado interno. Com a recuperação neste ano, conseguimos colocar uma parte boa desse café no mercado externo.

box_jorge luizNesses anos de seca exportamos menos porque houve baixa produção ou a qualidade do grão caiu e não estava apto a ser exportado?

Foi pela baixa produção. A indústria brasileira é muito forte, sendo a segunda maior do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Ainda assim somos os maiores produtores, os maiores exportadores e o segundo maior consumidor de café do mundo. Essa produção baixa de conilon fez com que nossa indústria,
e que as nossas torrefações locais, consumissem toda a produção.

Os cafeicultores capixabas sofreram muito com esses prejuízos citados. A qualidade do café não chegou a ser afetada ou já foi recuperada?

Foi afetada pelos anos de baixa produção, que geralmente é um café miúdo, considerado de baixa qualidade, mas com a recuperação da produção, a qualidade também melhora.

Qual é a expectativa para os próximos dois anos?

Existem dois fatores para que haja o aumento da exportação: o primeiro é o aumento da produção que falamos anteriormente. O outro é a desvalorização do real, que vinha sendo cotado há quatro meses em R$3,20 e agora está em R$3,70. Quanto maior a desvalorização, mais o nosso produto será competitivo para os nossos concorrentes. O Vietnã e a Indonésia, por exemplo, são dois países que exportam muito. Então isso nos prejudica. A nossa expectativa é de que no segundo semestre de 2018, nós embarcaremos cerca de 1 milhão de sacas de conilon para o mercado externo.

Novos mercados foram conquistados ou continuam os mesmos ao longo destes anos?

Na verdade, este volume vai para o mundo todo, para países da Europa, da Ásia, entre outros. Compradores tradicionais estão retornando ao nosso mercado.

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