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sexta-feira, 19 abril, 2024

Grande Vitória: três reeleições e um retorno no segundo turno

Grande Vitória: três reeleições e um retorno no segundo turno

Eleitores de três, dos quatro maiores colégios eleitorais do Estado optam por não arriscar mudanças

*Por Luciene Araújo

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As tradicionais críticas enumeradas durante as campanhas não foram suficientes para impedir um novo mandato dos atuais prefeitos de Vitória, Serra e Cariacica. Os eleitores apostaram mesmo na continuidade do trabalho que vem sendo feito nos últimos quatro anos como melhor opção e mantiveram nos cargos Luciano Rezende (PPS), Audifax Barcelos (Rede) e Juninho (PPS). Já em Vila Velha, as urnas trouxeram de volta ao Executivo Max Filho (PSDB), hoje deputado federal.

A partir de 1º de janeiro de 2017, os vencedores do pleito de 30 de outubro terão uma série de desafios a encarar, entre eles o crescimento do número de habitantes dependentes dos serviços públicos, avalia o economista e professor da Ufes Antônio Marcos Carvalho Machado. “Com a crise, muitas pessoas perderam renda e não têm mais como pagar por saúde e educação pela iniciativa privada. Então, este deve ser o primeiro o compromisso dos gestores municipais”, destaca.

Para o analista, será necessário ampliar a eficiência da fiscalização tributária das prefeituras, “sem aumentar impostos, sem inibir os novos empreendedores, sem afastar pessoas que queiram investir na cidade”. Machado diz ainda que outra questão importantíssima é a preservação da qualidade de vida, que se traduz numa cidade que funciona, e enfatiza que não é hora de projetos mirabolantes, mas sim de buscar eficiência. “Neste momento, tudo que o cidadão quer é ser valorizado em suas demandas básicas. Nenhum prefeito deve tentar inventar muito em 2017, será muito difícil. O próximo ano tende a ser de uma conjuntura econômica muito complexa e adversa. Sem contar que em 2018 temos novas campanhas eleitorais, o que atrapalha muito a vida do cidadão comum”, explica.

A cooperação mútua será fundamental para a obtenção de melhorias, principalmente em um cenário de poucos recursos, avalia. “Espero que os gestores tenham em mente o quanto é importante que um município ajude o outro no que for preciso. Troca de experiências e de casos de sucesso, e principalmente, o diálogo sobre os erros que foram cometidos otimizam as melhorias”, observa.

Vitória
Em uma disputa acirrada, de apenas 4.404 votos de diferença, o atual prefeito foi reeleito na capital capixaba. Luciano Rezende, do PPS, venceu com 51,07% da preferência (95.458 dos votos válidos), enquanto seu adversário no segundo turno, Amaro Neto (SD) obteve 48,93% (91.034).

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o segundo colocado foi o mais votado em 32 bairros de Vitória, um a mais que no primeiro turno; já seu oponente levou a melhor em 17. “Mantivemos as contas equilibradas nesses quatro anos e temos que continuar fazendo isso para que a cidade possa, nos próximos quatro anos, prestar serviços de qualidade, fazer obras e servir muito bem a população”, declarou Luciano logo após a divulgação oficial do resultado.

“Em Vitória, além das dificuldades econômicas nacionais, enfrentamos o fim da verba do Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias). Governamos quatro anos com R$ 1 bilhão de perdas. Esse feito de ter sido indicado para reeleição precisa ser honrado. Começa agora a nossa tarefa de liderar essa cidade, e liderar é para todos”, acrescentou.

Luciano Rezende, 50 anos, é médico e iniciou a carreira política como vereador em 1993, exercendo a função por quatro mandatos. Ocupou os postos de secretário municipal de Saúde e de Educação, na gestão de Luiz Paulo Vellozo Lucas. Em 2009, assumiu a Secretaria de Estado de Esportes e em 2012 foi eleito no segundo turno para a Prefeitura de Vitória.

Serra
Na Serra, as urnas registraram 112.344 votos (51,21%) para o atual prefeito, Audifax Barcelos (Rede), contra 107.050 (48,79%) do deputado federal Sérgio Vidigal (PDT). Logo após a vitória, no comitê de campanha em Carapina Audifax falou sobre o foco do trabalho no próximo quadriênio. “A saúde será prioridade. Tenho consciência disso. Acabar com as filas, especialidades, atender pessoas mais carentes”, citou.

Em relação aos desafios que deverão ser enfrentados diante da queda na arrecadação das cidades, o redista se mostrou otimista e afirmou que o orçamento local por meio dos impostos municipais não irá encolher. “O que será reduzido são os recursos vindos da União e do Estado. A receita própria do município vai aumentar em até R$ 50 milhões, e nós vamos trabalhar para diminuir os custos e cortar desperdícios, semanalmente.”

Uma equipe de inteligência fiscal durante quatro anos, reforçou o prefeito, realizou um estudo minucioso. “Esse trabalho incluiu a questão dos Dotz das empresas, o que possibilitou aumentar a arrecadação de ICMS, que no próximo ano irá ultrapassar a de Vitória”, explicou Audifax, que passou por problemas graves de saúde, permanecendo internado 27 dias na UTI, a partir de 12 de agosto.

Com 50 anos, o chefe do Executivo é economista e administrador de empresas. Esta é a terceira vez que sai vencedor de uma eleição para prefeito da Serra. A primeira delas foi em 2004, e a segunda, em 2012. Em 2009, ele assumiu o comando da Secretaria Estadual de Planejamento e Economia, a convite do então governador Paulo Hartung. No pleito de 2010, foi o deputado federal mais votado do Espírito Santo.

Cariacica
Para o atual prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia (PPS), o Juninho, o triunfo teve um sabor especial. Durante toda a campanha, ele aparecia nas pesquisas atrás de Marcelo Santos (PMDB ). Um resultado que também ocorreu no primeiro turno, quando o pemedebista recebeu 41,89% dos votos válidos, e o atual chefe do Executivo, 35%. No dia 13 de outubro, uma das pesquisas eleitorais indicava 50% das intenções de voto para Marcelo, enquanto Juninho recebia 33%.

Mas 30 de outubro trouxe outra realidade. Juninho foi reeleito ao receber 91.631 votos ante 82.856 de seu concorrente. “A cidade entendeu ser a melhor escolha manter quem tem experiência e fui aprovado gerenciando numa crise fortíssima pela qual passamos. Agora, vamos trabalhar unindo a cidade em torno desse projeto, levando Cariacica para o lado de lá da crise, mantendo contas saneadas, uma cidade pronta para o desenvolvimento”, afirmou o prefeito.

Geraldo Luzia de Oliveira Júnior é professor de Educação Física e ex-jogador de futebol profissional, futsal e futebol de areia. Atuou como secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer, foi escolhido no pleito de 2012 para comandar a administração de Cariacica.

Vila Velha
O prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM), foi o único da Grande Vitória que não disputou o segundo turno, vencido pelo deputado federal Max Filho (PSDB), que já esteve à frente do Executivo municipal entre 2001 e 2008. O tucano, que entrou na disputa “aos 45 do segundo tempo”, obteve 119.872 votos (58,91%), e Neucimar Fraga (PSD) – que também foi prefeito de Vila Velha, de 2009 a 2012 – conquistou 83.622 (41,09%).
No município canela-verde, chamou a atenção o percentual de votos nulos e brancos. Quase 15% dos eleitores optaram por não apostar em nenhum dos dois candidatos, num total de 35.821.

Max afirmou que irá compor a equipe de transição com Rodney para se inteirar sobre a situação econômica da cidade e conhecer o orçamento 2017, já em tramitação na Câmara de Vereadores. “Entre as primeiras medidas que vou tomar, está a desativação do elevador privativo do prefeito, pois não temos de sair ou chegar escondido da prefeitura. Essa atitude será um símbolo da administração transparente que faremos em Vila Velha”, disse ele, que prometeu ainda uma gestão ética, participativa e bem articulada em âmbito estadual e federal, com foco nas políticas públicas e sociais, na educação, na saúde e na segurança.

O tucano enfatizou ainda a importância de retomar o desenvolvimento. “O Brasil vai passar por esta crise econômica, e Vila Velha dará sua contribuição no sentido de desburocratizar os processos. Vamos receber com tapete vermelho quem quiser investir na cidade. A receita é pequena para os enormes desafios que temos pela frente. Mas temos experiência para isso e, ainda, com uma melhor articulação com os governos Federal e Estadual. Espero ter uma ótima relação possível com a nova Câmara, sobretudo com aqueles que me apoiaram, mas queremos ter boa relação com todos. Vamos procurar abrir portas em todos os caminhos”, enumerou.

Em 1988, aos 20 anos, Max Filho foi eleito vereador de Vila Velha. Em 2000 se tornou prefeito da cidade, sendo vencedor também no pleito de 2004. Em 2014, conquistou seu mandato para deputado federal. Agora, terá de renunciar ao cargo em Brasília para assumir a prefeitura. A vaga será assumida pela primeira suplente da coligação, a ex-prefeita de Itapemirim Norma Ayub (DEM).

Ainda na Grande Vitória, para os próximos quatro anos, serão prefeitos Gilson Daniel (PV), reeleito em Viana com 25.197 votos (71,54%), o maior índice de aprovação do Estado; Edson Magalhães (PPS), vitorioso em Guarapari com 27.926 votos; e Adriano Ramos (PMN), que comandará Fundão, ao obter 1.866.

Brasil
Nas disputas de 2016, o PSDB foi o partido que mais venceu em todo o país, garantindo a administração de 28 das 92 cidades brasileiras com mais de 200 mil eleitores, totalizando 23,7% da população nacional. Em 2012, os tucanos receberam 25,81 milhões, enquanto neste ano foram 48,74 milhões de eleitores que optaram pela sigla, que foi derrotada em Cuiabá, Campo Grande e Belo Horizonte.

E o PMDB, partido do presidente Michel Temer, embora registre a segunda queda consecutiva no número de eleitores, em relação aos pleitos municipais de 2008 (41,15 milhões) e 2012 (30,59 milhões), foi o vice-líder nas urnas, quando faturou 20 milhões de votos pelo país.

Na “briga” municipal de 2012, o PT havia sido o partido com a maior população governada, com 19,9%, incluindo a cidade de São Paulo, com a vitória de Fernando Haddad. Mas este ano amargou a maior retração entre todas as siglas, obtendo 256 prefeituras em todo o território nacional, ao passo que em 2012 venceu em 630 cidades, o que representa o segundo maior percentual de retração de todas as legendas: 59,4%, ficando atrás somente do PPL, que em 2012 elegeu 11 prefeitos, mas este anos apenas quatro (-63,6%)

Capitais
As 26 capitais serão comandadas por 13 siglas, três a mais que o cenário atual. O PSDB venceu em sete delas: Porto Velho (RO), Manaus (AM), Belém (PA), Teresina (PI), Maceió (AL), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).

Dos 20 prefeitos que tentaram a reeleição, 15 se mantiveram à frente do Executivo municipal. Na região Sudeste, apenas Vitória reelegeu seu prefeito, enquanto as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que estão entre os maiores colégios eleitorais do país, optaram por trocar o comando da administração.

No Norte, entre as sete capitais, apenas Porto Velho (RO) trocou de prefeito; enquanto nos nove estados do Nordeste, apenas em Aracaju (SE), o atual prefeito nem mesmo disputou o segundo turno. Já na região Sul, nenhum dos três prefeitos foi reeleito.

Insatisfação
Enquanto Vila Velha foi a cidade capixaba com o maior taxa de abstenção no Espírito Santo, no Brasil, o Rio de Janeiro ocupou o lugar mais alto desse ranking, com 26,75% (1.314.950 eleitores) não comparecendo às urnas. Além disso, registrou no dia 30 de outubro a maior proporção de votos brancos e nulos na história do segundo turno na cidade, com 20,08% dos votos em nenhum candidato (719.402 votos).

A soma de eleitores que votaram branco ou nulo com os que não foram às urnas chegou a 2.034.352 cariocas, enquanto Marcelo Crivella (PRB) foi eleito com 1.700.030 votos, o que representou 59,36% das assinalações válidas, mas apenas 34,7% do eleitorado total do Rio.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 10,7 milhões de eleitores não compareceram para votar ou votaram em branco e nulo. “Se por um lado pode refletir a insatisfação da população contra a classe política, por outro enfraquece e debilita as pessoas que recebem os mandatos, especialmente na hora da tomada de decisão em um momento delicado como o atual”, avaliou o presidente da Corte, Gilmar Mendes.

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