“Estamos em um momento de transição das normas de Contabilidade para os padrões internacionais, o que implica muito aprendizado”
Em 25 de abril se comemorou o Dia do Contabilista. No Estado, o Conselho Regional de Contabilidade (CRC-ES), que representa quase 10 mil profissionais registrados, acaba de empossar sua nova Diretoria. Saiba o que pensa a nova presidente eleita, a contadora Cristina Amélia Fontes Langoni, sobre a atuação da entidade para os próximos dois anos e o cenário para os contadores do Estado.
1-O que representa esse novo desafio na sua vida profissional?
Esse desafio na verdade se torna uma grande oportunidade de contribuir para o crescimento e a valorização da profissão. É uma responsabilidade enorme representar 9.454 profissionais registrados, 1.397 escritórios individuais e 869 sociedades empresariais, que esperam um retorno da entidade para que haja o reconhecimento de seu trabalho junto às empresas, órgãos públicos e demais instituições, principalmente nesse momento em que a contabilidade das empresas necessita ser, efetivamente, o espelho da sua realidade econômica.
2-Quais são as principais reivindicações da categoria e como, na sua opinião, elas podem ser alcançadas?
As principais reivindicações, no momento, dizem respeito à educação continuada. Estamos em um momento de transição das normas de Contabilidade para os padrões internacionais, o que implica a necessidade de muito aprendizado. O profissional da área está vivenciando a mesma realidade que todos os outros profissionais: a necessidade de aprender todos os dias.
3-Sobre a questão da convergência contábil internacional: ela já é uma realidade? Como está a adequação do Brasil e, mais especificamente, do Espírito Santo, a este padrão, cada vez mais necessário em um mundo globalizado?
Já é realidade. O cenário da Contabilidade no Brasil e no mundo passa por uma verdadeira revolução, em função da adequação das normas aos padrões internacionais e no Espírito Santo vivenciamos a mesma situação. Desde 2008, com a publicação da Lei nº 11.638/2007, com algumas alterações na Lei nº 11.941/2009, as sociedades anônimas e as de grande porte – as que apresentam receita bruta anual de R$ 300 milhões ou ativo total superior a R$ 240 milhões – já estão obrigadas à aplicação das normas de Contabilidade no padrão internacional (IFRS). Em dezembro de 2009, o Conselho Federal de Contabilidade editou as normas internacionais de Contabilidade aplicáveis às pequenas e médias empresas, em vigor a partir de 1° de janeiro de 2010. Esse processo de convergência é irreversível e, considerando o ambiente extremamente globalizado em que vivemos, se apresenta como uma oportunidade para as empresas que querem investir ou receber investimento de outros países, assim como para o profissional que poderá atuar em qualquer país que utilize essas normas, o que chamamos de “Contador Global”, dependendo, apenas, de se capacitar no idioma.
4-Quem opta por atuar na área de Contabilidade dispõe de capacitação de qualidade no Estado? O que pode melhorar neste sentido?
Temos várias instituições de ensino na área contábil no Estado e a principal decisão que estas precisam tomar é com relação ao foco no profissional que desejam formar. Os escritórios de Contabilidade têm uma demanda enorme por pessoas qualificadas, porém a maioria das faculdades forma o contador com uma visão gerencial e sem nenhuma prática. Ao chegar no mercado, esse profissional não está apto a ser proprietário de escritório e não quer executar as tarefas práticas do dia a dia da Contabilidade. Enquanto o ensino for generalizado continuarão sobrando vagas e, ao mesmo tempo, profissionais formados e sem condições de atuar. Outra mudança essencial diz respeito ao próprio profissional, que necessita rever a sua visão com relação à educação; hoje, educação continuada é característica fundamental para o exercício da profissão.