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terça-feira, 16 abril, 2024

Entrevista: Audifax avalia primeiros meses de volta à prefeitura

Entrevista: Audifax avalia primeiros meses de volta à prefeitura

Depois de concluir o mandato de prefeito da Serra em 2008 com 83% de aprovação, o economista e administrador Audifax Barcelos (PSB) não foi candidato à reeleição por razões políticas. Mas sua popularidade ficou clara ao ser eleito em 2010 como o deputado federal mais votado do Espírito Santo. Depois de dois anos de experiência no legislativo, ele se candidatou e venceu novamente para liderar o executivo de um dos maiores municípios do Estado em termos de economia e população. “Me sinto mais gestor do que legislador”, confessa.

No início de seu novo mandato, Audifax criticou a gestão anterior e apontou dívidas deixadas na ordem de R$ 200 milhões. Depois dos primeiros meses de volta à prefeitura, ele retoma seu jeito sereno e faz um balanço dos primeiros 100 dias e dos desafios para os quatro anos de mandato.

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* Por Vitor Taveira

– O que o motivou para deixar o cargo de deputado federal e voltar a disputar a prefeitura?

O que me motivou foi o sentimento, a vontade e o desejo de servir minha cidade e fazer da minha vida um instrumento para mudar a vida das pessoas, principalmente das pessoas mais humildes. Gosto da questão da gestão e me sinto muito mais gestor do que legislador. Estar no Congresso Nacional foi importante e estou tirando proveito dessa experiência, tendo conseguindo recursos e investimentos para o município.

– O que mudou no Audifax que deixou a prefeitura em 2008 para o que a reassumiu em 2013?

Acho que tenho uma experiência maior, um pouco mais de habilidade, mais paciência, maior conhecimento maior da coisa pública. Pude me aperfeiçoar nesses quatro anos, dois deles como deputado e outros dois como secretário de Planejamento do governo Paulo Hartung. Foram anos produtivos e estou usando essa experiência para ajudar minha cidade e sua população. E tem muito trabalho pela frente.

-Os primeiros 100 dias de novos gestores públicos geralmente são para “arrumar a casa” e costumam ser decisivos para apontar o ritmo imprimido pela administração. Qual sua avaliação desses primeiros meses de volta ao comando da prefeitura da Serra?

Foram três meses de arrumação de casa. Aqui na Serra não houve transição, diferente dos outros municípios. Isso dificultou muito nossa entrada. Então usamos os três meses de gestão como transição ao mesmo tempo. Fizemos projetos de lei para extinção de cargos comissionados, reorganização da estrutura, redução e eliminação de comissões, pagamento de dívidas. Foram 100 dias de muito trabalho, fizemos planejamento estratégico para os quatro anos, conversei com cada secretário sobre o planejamento das secretarias. Mas também foi um período de muita produção também. Na área da saúde e educação tivemos inauguração de maternidade, unidade de pronto atendimento, escola. Foram meses em que trabalhamos muito para entregar à população o que ele precisava.

– Os processos de transição entre governos são um exemplo da maturidade que a democracia brasileira vem adquirindo. Por que não houve transição na Serra?

Não cabe a mim fazer esse julgamento. Temos órgãos próprios que fazem esse julgamento. Mas a população da cidade tem ciência do que eu herdei, do tamanho da dívida, da desorganização, dos serviços que não foram prestados e tem uma expectativa muito grande de que eu mude essa realidade. Mas estou observando que ela teve paciência comigo nesses primeiros meses, acho que esse momento vai passar, então temos que dar um pouco mais de velocidade para as coisas e falar para a população que estou muito animado, empolgado, determinado, sabendo que este ano será difícil mas que os próximos três anos serão diferentes.

– Foi anunciada recentemente a criação de um Conselho Econômico para auxiliar na gestão municipal. Como ele vai funcionar?

Criamos o conselho entre final de março e início de abril chamando vários setores da sociedade do Espírito Santo, como Federações de Transporte, Comércio, Agricultura, entre outras, para revigorar a cidade da Serra, que ganhou área em serviços mas perdeu indústrias para municípios da grande vitória e do norte do Estado. Então convidamos pessoas de vários setores, abrindo para discussão, perguntando o que eles acreditam que a Serra precisa para voltar a ser forte no aspecto industrial, no desenvolvimento econômico, na geração de emprego, na qualificação. Já tivemos nossa primeira reunião e teremos outra no início de maio, quando a discussão será específica sobre educação, buscando alternativas e soluções para melhorar a qualificação e educação da nossa população. Estamos ouvindo diretamente as pessoas que vão investir na Serra. Tenho certeza que esse conselho vai produzir muitos frutos para a cidade da Serra de médio e longo prazo.

– E quais o senhor considera os maiores desafios na área da educação?

O maior desafio é a educação infantil, que foi compromisso de campanha e agora é compromisso do mandato. Temos uma quantidade enorme de crianças de 4 a 6 anos que não está na escola, mas deveriam estar. Vamos dar ordem de serviço a 13 creches esse ano e durante meu mandato vou precisar começar mais 13. Precisamos entregar quase 30 novas creches para conseguir atender a população em sua totalidade. Esse é o maior desafio e vamos dar prioridade para isso. Lógico que temos outras ações para melhorar a qualidade da educação fundamental e fortalecer o ensino médio, pois ainda temos oito mil adolescentes fora da escola.

– Quais as perdas de arrecadação que o município está tendo com o fim do Fundap e outras mudanças?

Já perdemos quase R$ 10 milhões de reais nos primeiros três meses. É uma pancada muito grande. Temos dívidas a pagar e ainda temos menos recursos. Nos próximos nove meses devemos perder de 45 a 50 milhões de reais só em relação ao Fundap. Paralelo a isso, perdemos também no rateio do ICMS. Na redistribuição do ICMS este ano, recebemos menos que no ano passado na parte que é dividida entre os municípios. Será um ano extremamente complicado em função de todas essas perdas. Mas vamos dar a volta por cima, buscando muitos investimentos junto aos governos estadual e federal.

– Os polos industriais de Civit I e Civit II estão complemente ocupados. Há perspectivas de criação de novos polos no município?

Estamos aprovando o Serra Norte, que é um novo polo industrial. Vai impactar principalmente o norte da cidade. E com a nova estrada do contorno do Mestre Álvaro, vai alavancar muito o desenvolvimento desta região. A princípio não vai ter incentivos fiscais, mas é algo que ainda estamos pensando. Está em andamento e vai ser licitado também o Cercado da Pedra, que fica em Civit II. Será mais voltado para a área de serviços, pois os terrenos não são muito grandes. Para a parte de indústria estaremos oferecendo o Serra Norte e o Serra Log, que fica em Campinho e está bem adiantado.

– Qual a importância da obra de contorno do Mestre Álvaro? Que outras obras de infraestrutura precisam ser realizadas nos próximos anos?

Mesmo com pouca capacidade financeira, estaremos fazendo grandes investimentos para a cidade. O contorno de Jacaraípe, por exemplo, já está atraindo um shopping europeu. Esse contorno vai alavancar muito a região de Jacaraípe até Nova Almeida, influenciando também Vila Nova de Colars e Feu Rosa. Somada, a população destas regiões chega próximo a 100 mil habitantes. O Contorno do Mestre Álvaro é uma obra do governado Casagrande que vai alavancar todo o desenvolvimento econômico do norte da Serra e vai dar uma qualidade de vida gigantesca para a população. O trecho em que acontecem mais mortes na BR-101 no Espírito Santo é entre Serra Sede a Carapina. Com essa obra transformaremos essa avenida em avenida municipal, não vamos ter mais caminhões e ônibus trafegando e carros que realizam longas viagens e não querem parar aqui podem passar por fora. Isso melhora a qualidade de vida da população local e a mobilidade urbana de todos de quem vive na Grande Vitória e de quem vai para Bahia, Minas Gerais ou outros Estados.

– O investimento imobiliário privado vem dando sinais de redução, porém o município ainda tem muitas demandas na área de habitação. Qual a política da Prefeitura para resolver esses problemas?
Tem uma obra há quatro anos parada, que são as casas de Novo Horizonte, Vila Nova e Jacaraípe. Em dezembro a Prefeitura entregará essas 1300 novas casas. Em paralelo, vamos retomar o projeto Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, com mais 600 habitações em Vila Nova de Colares. Além de dar casas, é importantíssimo realizar a regularização fundiária. Quase 60% dos moradores da Serra não têm seus imóveis registrados e cadastrados.

– Apesar de estar na região metropolitana, a Serra tem uma grande área rural. Esta tende a desaparecer ou permanecer?
Temos muita área na Serra. Temos quase mil produtores rurais, o que é mais do que muito município do interior. Isso vai se manter. Não tem como fugir disso e vamos fortalecer essas atividades. Temos uma secretaria de Agricultura forte.

– O agroturismo também é uma alternativa? Como explorar melhor os diferentes potenciais turísticos da Serra?
Vamos fortalecer o agroturismo, já conversei com o governador Casagrande para ajudar com estradas através do programa Caminhos do Campo. Estamos desenvolvendo alguns setores do agroturismo na cidade Serra. Além disso, temos 27 km de praia e isso também precisa ser desenvolvido. Percebemos que não temos tanto turismo de lazer, nosso turismo é mais de negócios. Mas precisamos avançar nisso. Já entregamos ao PAC do governo federal o projeto de urbanização de Carapebus, Balneário de Carapebus e Bicanga. Já entramos com um projeto de R$ 15 milhões de reais e estamos viabilizando junto ao governo federal para nos ajude com essa obra fundamental para desenvolver o turismo em nossas praias Então melhorando a urbanização dessas três orlas desenvolvemos também o turismo na cidade.

Vamos investir muito no turismo de lazer, especialmente em janeiro, investir shows, em infraestrutura, fazer os calçadões. A expectativa de retorno não é muito grande, mas continuaremos investindo. Mas o nosso ponto forte é o turismo de negócios, fruto das várias empresas que estão instaladas na cidade da Serra. Por isso estão chegando vários hotéis para cá.

– A Segurança Pública há muito tempo é um dos maiores desafios na Região Metropolitana capixaba. Como pretende enfrentar o problema da violência no município da Serra?

São duas ações. Uma delas é social, que estamos trabalhando resgatando o projeto Adolescente Cidadão, retirando o jovem das drogas, fortalecendo a educação, melhorando a iluminação pública nos doze bairros mais violentos. Em paralelo a isso temos que atuar para diminuir a impunidade. Precisamos de mais polícia na cidade, de mais agilidade nas prisões, de manter preso quem deve estar preso. Tenho a expectativa de que o governador Casagrande invista este ano e coloque mais polícia na cidade da Serra. Isso em si não resolve mas é muito importante para que possamos oferecer mais tranquilidade para a população.

Criamos também um Fórum Permanente de Segurança Pública, no qual participa toda a sociedade civil, órgãos de segurança pública, o governo estadual, o governo federal, a prefeitura. Estou animado e espero que isso traga resultados. Demonstra transparência e coloca a sociedade civil na cobrança de todas as autoridades responsáveis pela segurança pública.

– Como o senhor vê a possível candidatura do presidente do seu partido, Eduardo Campos, para a presidência? Isso fortaleceria ou enfraqueceria o PSB no contexto eleitoral estadual?

O governador não gosta que falemos desse assunto porque é ruim para ele como gestor antecipar as eleições. Eu sei o que é isso porque já aconteceu isso comigo. Infelizmente esse debate foi antecipado por conta de uma pauta nacional. Apesar de o governador não gostar que se paute o assunto, eu entendo que é a ordem natural das coisas ele ser candidato à reeleição. Por ter desenvolvido um bom mandato, por estar tendo um governo de princípios e de resultados.

Quanto à candidatura do Eduardo Campos, acredito que é importante para a democracia, para o debate político. Acho que ele pode contribuir muito para que se possa fazer mais coisas nesse país. Então eu entendo que a candidatura do Eduardo Campos é importante para a democracia, para as políticas públicas e para o futuro do nosso país.

– Supondo uma reeleição de Casagrande, você poderia ser um nome de força no partido para a sucessão em 2018. Você têm essa ambição de governar o Espírito Santo?
Sou forte candidato para fazer um bom mandato para prefeito da Serra. Preciso disso.

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