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terça-feira, 23 abril, 2024

A lama que é de todos nós

Os 13 milhões de metros cúbicos de lama de Brumadinho falam muito… E não falam apenas sobre falhas de engenharia e fiscalização, problemas de regulação e licenciamento, politicagem e crime ambiental. O excremento é da Vale, sim, e os culpados, incluindo políticos, deverão ser punidos.

Mas o fato é que aquele barro todo resvala em cada um de nós. Aquelas toneladas de rejeitos falam também sobre os nossos caminhos enquanto sociedade. E sobre o que estamos dispostos a continuar permitindo, sem questionar. Sobre nossas escolhas coletivas. Sobre a busca constante e desmedida por progresso e sobre os “avanços” realizados a qualquer preço.

Crescemos com a atuação das empresas grandiosas, suas produções colossais e tecnologias admiráveis. Terceirização agressiva, custos reduzidos, extrações recordes, lucros astronômicos. Mas nosso crescimento econômico enquanto nação tem passado por cima de povoados, de alojamentos de trabalhadores, terceirizados ou não, de vilas, de rios, de plantações… Por cima de vidas.

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A verdade é que estamos chocados diante dessa gigantesca tragédia humana e ambiental, mas logo, logo dela nos esqueceremos. É assim. Porque, afinal, o “avanço” precisa continuar. A produtividade tem que aumentar. Precisamos de uma economia forte, enfim. E, para isso, vale até, quem sabe, flexibilizar um pouquinho mais as leis ambientais. Facilitar para os investidores.

Ganância e negligência andam juntinhas, de mãos dadas. Quanto maior o desleixo (com vidas e valores), melhor para a ganância. Assim, seguiremos “avançando”… Vendo morrer, e, de certa forma, morrendo também, aos poucos, nessa “lama” sem fim .

Dados preocupantes

São cerca de 24 mil barragens espalhadas pelo país. Quarenta e dois por cento (!!!!!) delas são clandestinas. E são precárias e questionáveis as condições de segurança dos funcionários das barragens de modo geral e, claro, das cidades em seus entornos. A fiscalização é escassa. Faltam fiscais e não há concursos.  Falta transparência nos relatórios divulgados sobre a segurança nas barragens. Faltam dados confiáveis. Faltam protocolos de segurança mais rígidos.

Perda incalculável 

Há estudos de universidades federais do país que já apontavam, antes mesmo do crime de Mariana, tecnologias viáveis de destinação inteligente para essa lama. Mas é óbvio que teria um custo. Existem evidências de problemas sérios de engenharia em várias barragens do país. Problemas esses inadmissíveis, segundo estudiosos. Especialistas apontam que algumas empresas, perseguindo os melhores resultados financeiros no curto prazo, não seguem à risca os protocolos de segurança de monitoramento das barragens. Falta inteligência. Falta responsabilidade. Falta rigor. E o custo humano de crimes ambientais como este é incalculável.

 

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