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sexta-feira, 29 março, 2024

A cada estação um perigo

As estações do ano trazem mudanças climáticas, mas também muitos perigos com as doenças sazonais

Basta o frio se anunciar para começar a garganta a coçar, o nariz a escorrer e aquela sensação de dor no corpo todo surgir. Já no verão, nem tudo é sinônimo de sombra e água fresca, já que muitas enfermidades ocorrem com maior frequência nessa época do ano. Para cada estação um perigo. São as doenças sazonais.

A Dra. Milena Pandolfi Piana, coordenadora de Especialidade de Clínica Médica da Samp, explica que isso acontece devido às alterações particulares de cada período – aumento de vetores (por exemplo, mosquitos), elevação ou diminuição da umidade do ar, alterações da temperatura e exposição solar, entre tantos outros fatores. “Cada doença apresenta um risco próprio de gravidade, em especial nos extremos de idade (crianças e idosos), pacientes com doenças crônicas descompensadas ou algum tipo de alteração da imunidade. Portanto, a prevenção é a melhor forma de minimizar esse risco”, alerta a especialista.

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Uma das grandes causas para a proliferação dos problemas é a falta de prevenção. Independentemente da estação, é preciso seguir sempre os cuidados básicos, como conservar a casa arejada e livre de poeira, verificar os focos de mosquito e, sobretudo, manter as vacinações em dia, aconselha Milena.

Além das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, no verão também são comuns hepatite A, leptospirose, infecções gastrointestinais, micoses e conjuntivite, que estão relacionadas à contaminação da água e de alimentos, aponta a especialista. Por isso é importante manter-se hidratado, certificando-se de que a água é filtrada ou fervida, lavar bem o que vai ingerir e evitar comer em locais sem higiene. Na estação, “o calor e a umidade favorecem a circulação de determinados vírus e vetores”, daí o zelo pela higiene pessoal e pelos alimentos.

A Dra. Milena destaca que a higiene pessoal e também do ambiente é um cuidado essencial para evitar o agravamento de doenças simples, como a rinite e a sinusite, tão comuns agora com a chegada do outono e do inverno. Nesta época, habitualmente, a temperatura diminui e o ar fica mais seco, aumentando a poluição, pela falta de chuvas e ventos. Esses fatores podem influenciar a incidência de doenças, pois surgem então gripes, alergias respiratórias, pneumonias, otites (infecção de ouvido), resfriados, sinusites, asma e diarreias. Há ainda H1N1, bronquiolite, conjuntivite, meningites e caxumba.

A ocorrência acontece nesses períodos porque as pessoas tendem a ficar em locais fechados, pouco ventilados. Aglomeram-se e gastam mais energia para manter a temperatura do corpo, ficando mais expostas à umidade e criando um meio propício para a proliferação desses micro-organismos.

Diante desse quadro, a Dra. Milena ressalta a importância de elevar as nossas defesas naturais através da alimentação saudável, rica em verduras, frutas e legumes. E ainda: evitar a friagem e a chuva, levando sempre na bolsa ou no carro o “kit inverno” (casaco e guarda-chuva). É imprescindível também manter uma vacinação adequada na infância contra rubéola, caxumba, sarampo, coqueluche, etc. E nos adultos, contra a gripe e a pneumonia, principalmente em quem apresenta baixa imunidade, como idosos e diabéticos.

A cada estação um perigo
A Dra. Milena Pandolfi / Foto: Arquivo / Next Editorial

Estar ciente das doenças comuns durante várias estações é vital, pois gerir o seu impacto está no controle humano. A adoção de precauções antes do início de uma doença nos permite reduzir seus sintomas e até evitar o contágio.

Quem está sempre prevenida é Fernanda Borges, mãe da Mayla, de 4 anos, que desde o primeiro ano de vida sofre com a asma. “Fazemos tudo que é possível para evitar as crises. Mantemos a casa sempre arejada, livre de tapetes, cortinas, pelúcias e tudo que acumula poeira. Além dos cuidados com o ambiente, a Mayla também faz tratamento homeopático, o que ajuda a minimizar as ocorrências”, conta Fernanda.

A cada estação um perigo
Fernanda Borges, mãe da Mayla, que desde 1º ano de vida sofre com asma / Foto: Arquivo / Next Editorial

Mesmo com todos os cuidados, Fernanda sempre fica em alerta a qualquer mudança de temperatura, a fim de evitar as crises e as inevitáveis idas ao hospital. “A gente faz tudo que está ao nosso alcance pelo bem-estar dos filhos. Portanto, sempre procuro seguir as orientações médicas.” E o resultado de tanto carinho não poderia ser diferente, Mayla está sempre disposta a brincar independentemente se está frio ou calor.

Para apreciarmos todas as belezas de cada estação, é preciso estarmos com a saúde em dia. Por isso certifique-se das precauções simples para manter você e a sua família em boa saúde durante todo o ano.

Para curtir os meses de baixas temperaturas sem abrir mão da disposição, conheça agora as principais doenças do inverno e saiba como se prevenir contra estes incômodos sazonais.

Gripe

A gripe é, de longe, a doença mais comum do inverno. Graças à sua fácil transmissão em ambientes populosos e fechados, a quantidade de gripados cresce muito durante a estação do frio. Ocasionada pelo contato com o vírus influenza, a conhecida gripe causa prostração, coriza, obstrução das vias nasais, falta de apetite, alta incidência de espirros, dor no corpo e febre. O próprio corpo é capaz de combater o vírus num prazo estimado de sete dias, mas os sintomas apresentados durante esse processo devem ser controlados para que não causem complicações. Logo, o tratamento da gripe é baseado em repouso, hidratação, antitérmicos e analgésicos prescritos pelo especialista.

Para se manter afastado das gripes, exercite o hábito de lavar sempre as mãos, dar preferência para ambientes arejados, caprichar no consumo de vitamina C e manter-se sempre bem agasalhado. Outra boa opção é a vacinação, especialmente recomendada para crianças, idosos, gestantes e diabéticos.

Sinusite

Essa é uma dolorosa inflamação na região dos seios da face (localidade das maçãs do rosto, arredores do nariz, olhos e testa). Ocorre pela obstrução das secreções que passam nesses canais, causada tanto por questões alérgicas (poeira, cheiros, choque térmico, agentes químicos) quanto por vírus ou bactérias. Essa obstrução causa forte pressão na cabeça, que desencadeia intensas dores (que podem atingir inclusive ouvidos e garganta), inchaço nas pálpebras e secreção nasal. Seu tratamento busca desobstruir as vias e acabar com o sobrecarga na região: descongestionantes ou antibióticos são administrados, de acordo com a causa específica de cada quadro.

As dicas para ficar longe dos incomodos da sinusite são apostar na alimentação saudável,
na constante hidratação e nos exercícios físicos, para manter o sistema imunológico em dia. Lavar as mãos frequentemente, agasalhar-se bem, largar o cigarro e higienizar os ambientes também ajuda na prevenção.

Rinite alérgica

A rinite alérgica é o processo inflamatório que ocorre na mucosa do nariz, causando hipersensibilidade na região ao entrar em contato com substâncias que o corpo interpreta como ameaças. O frio potencializa o quadro por aumentar a exposição a poeira, ácaros, bolores, mofos e fungos em geral, comuns em ambientes fechados e em roupas guardadas por longos períodos. A rinite causa vários desconfortos físicos, como espirros constantes, obstrução das vias nasais, coriza, dor de cabeça e, em alguns casos, inchaço nas pálpebras. Medicações que atenuem os sintomas são as recomendadas para tratar as crises de rinite.

Amigdalite

Inflamação das amígdalas, localizadas na porção superior do pescoço, uma de cada lado. O processo é desencadeado pelo contato com vírus ou bactérias, via oral ou nasal. Mais comum entre crianças e adolescentes, a amigdalite desperta sintomas como dor ao engolir, inchaço e manchas (brancas ou vermelhas) na garganta, febre, cansaço, dor de cabeça, rouquidão e mau hálito. Em grande parte dos casos, tratamentos com anti-inflamatórios solucionam o problema.

Novamente, a dica de prevenção é lavar as mãos várias vezes ao longo do dia. Não emprestar itens de uso pessoal e vestir-se adequadamente para possíveis mudanças de temperatura.

Bronquite

É a inflamação dos brônquios, órgãos responsáveis por conduzir o ar até os pulmões. Essa enfermidade pode se manifestar em sua forma aguda (episódios isolados, curtos) ou crônica (aparição contínua, alta recorrência), sendo a primeira forma ocasionada – em grande parte dos casos – pelo contato com vírus, e a segunda desencadeada pela sucessão de fatores prejudiciais, sendo o fumo o principal deles.
Bebês e idosos são os principais grupos de risco dessa inflamação, que causa tosse excessiva e expectorada, dor no peito e abdômen, rouquidão, chiado no peito, falta de ar, cansaço e, em alguns casos, febre. Seu tratamento envolve, geralmente, a administração de xaropes, medicamentos antialérgicos e inalação, em conjunto com reeducação de hábitos de saúde.

Para viver o inverno longe da bronquite, a dica é lavar sempre as mãos, evitar exposição a agentes químicos que possam causar irritação pulmonar e,
é claro, parar de fumar.

Asma

A asma consiste na inflamação crônica das vias aéreas, causando broncoconstrição (estreitamento dos brônquios). É desencadeada pela combinação de fatores genéticos (histórico prévio de asmáticos na família) e ambientais (pó, pólen, ácaros, fungos, pelos, fumaça, aerossóis, poluição, etc). Seus sintomas são recorrentes e englobam tosse, chiado no peito e episódios de extrema falta de ar. Para tratar a asma, faz-se uso de medicação broncodilatadora (as conhecidas “bombinhas”) e anti-inflamatória, em conjunto com o controle dos fatores ambientais agravantes do quadro.

Ainda não se sabe se é possível prevenir-se contra a asma, mas estudos indicam que controle
da exposição do indivíduo à fumaça do tabaco desde o período pré-natal reduz as chances de desenvolver a doença.

Verão

Doenças comuns: incluem aquelas associadas a mosquitos (como dengue, chinkungunya e zika) e à contaminação de água e alimentos (intoxicação alimentar, diarreias, gastroenterites e hepatite A).

Precaução:
Certificar-se sobre focos de reprodução de mosquito dentro e ao redor da casa;
Usar repelentes e protetores solares;
Ingerir frequentemente água (certificar-se de que é filtrada ou fervida);
Evitar comer em locais sem higiene.

Inverno

Doenças comuns: rinite, bronquite e doenças virais como influenza, H1N1, bronquiolite, conjuntivite, meningites e caxumba.

Precaução:
Usar roupas adequadas;
Cobrir boca e nariz ao tossir e espirrar;
Lavar as mãos regularmente;
Vacinar-se contra doenças infecciosas – influenza, H1N1 e caxumba;
Consultar o médico regularmente, em especial antes desse período, no caso de pacientes com doenças crônicas prévias;
Fazer hidratação oral vigorosa;
Evitar aglomerações (em especial crianças e idosos).

 

A matéria acima é uma republicação da 36ª edição da Revista Samp. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.

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