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sexta-feira, 29 março, 2024

ES Brasil entrevista Renato Casagrande

ES Brasil entrevista Renato Casagrande

Confira o balanço dos quatro anos de Casagrande à frente do Executivo Estadual e saiba quais são os seus planos para o próximo ano 

* Por Yasmin Vilhena

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Renato Casagrande é engenheiro florestal, bacharel em Direito e atual governador do Espírito Santo, cargo que se iniciou em primeiro de janeiro de 2011 e que termina no dia 31 de dezembro de 2014, período em finaliza o seu mandato a frente do executivo estadual. Navegando por um mar turbulento nos últimos quatro anos – devido aos reflexos da crise internacional e à instabilidade econômica brasileira – o entrevistado do mês da revista ES Brasil faz um balanço de seu governo e adianta os próximos passos de sua trajetória na vida política após perder a eleição para o Governo Estadual.

– Como o senhor avalia o Espírito Santo no início de 2011 – ano em que tomou posse como Governador do Estado – e como o vê agora?

O Espírito Santo deu grandes avanços nesses últimos quatro anos o que fez com que o Estado se tornasse o mais transparente do Brasil. Avançamos também no comportamento ético, pois não se vê denúncias de desvio de recursos por parte do Governo Estadual. Outro ponto bastante importante é o diálogo com a sociedade que também cresceu por meio dos mais diversos canais de comunicação. Os investimentos de forma equilibrada foram outro destaque, pois aconteceram na Grande Vitória e nos demais municípios capixabas, ou seja, a visão de desenvolvimento equilibrado se consolidou tanto com os investimentos públicos como com a atração de investimentos privados. Investimos também em obras, saúde, educação e segurança pública, a exemplo do Estado Presente, que ajudou a reduzir o índice de homicídios no Estado entre 2011 e 2013. Nossa expectativa é que ele também seja diminuído em 2014.

– Os últimos anos foram marcados por uma dificuldade econômica mundial muito grande, o que acabou refletindo negativamente em nosso país. Como foi encarar tantos desafios em seu primeiro mandato como Governador?

Deus me deu a oportunidade de governar o Estado, mas também me deu uma tarefa gigantesca. Quando assumi o governo em 2011, a atividade econômica mundial já estava pequena e fraca. Nações que eram referências para o nosso país passaram a viver problemas na área econômica e política. Enfrentamos durante esse período um Brasil com pouca atividade de crescimento e patinando muito em sua economia; além de debatermos temas relevantes para o Estado como o Fundap e o royalties de petróleo. Ou seja, estamos fazendo uma travessia de 2011 para cá em um mar muito turbulento e me coube, como comandante desse barco, ajustar as velas da embarcação e navegar com segurança para dar tranquilidade ao povo capixaba. Graças a Deus e ao apoio da população chego ao final de 2014 de cabeça erguida.

– A Segurança Pública foi um dos principais focos de sua campanha nas Eleições de 2010. Passado todo esse tempo, quais foram os avanços obtidos nessa área?

Não é fácil combater e enfrentar o crime, pois ele se articula e se inova sempre, mas nós estamos conseguindo resultados com os investimentos que abrangem desde a contratação de novos profissionais como bombeiros e policiais, até as melhorias de infraestrutura e tecnologia como os Centros de Referência em Assistência Social e nas áreas de esporte. Um trabalho que feito em parceria com os municípios e que produziram resultados. Vale a pena destacar que nós ainda estamos muito longe de qualquer resultado aceito, pois enquanto estiverem pessoas perdendo a vida não podemos tolerar tal situação. De qualquer forma, estamos em um processo de queda, pois quando assumimos o Governo, o Espírito Santo estava 52,5 homicídios por cem mil habitantes. Uma realidade bem diferente de 2014, afinal, vamos fechar o ano com menos de 40 homicídios por cem mil habitantes.

– A área da educação é sempre um tema muito polêmico em todo o Brasil. Uma realidade que pode ser observada principalmente durante as manifestações realizadas no ano passado, que agitaram diversas regiões do país, a exemplo do próprio Espírito Santo. Partindo desse ponto, quais foram as maiores contribuições de seu governo na oferta de educação infantil e fundamental de qualidade?

A educação infantil é uma tarefa primeiramente dos municípios, mas o Estado participou na implantação de escolas e creches, treinando ainda os profissionais da área de educação. No ensino fundamental, também dividimos a responsabilidade com as cidades capixabas. Durante todo esse tempo fizemos investimentos em mais de 400 escolas do Espírito Santo com reformas, construção e ampliação. Em 2014, demos início as primeiras 16 escolas em tempo integral – algo que até então não existia no Estado -; ampliamos o ensino médio integrado com a formação profissional; levamos o Pré-Enem a todos os municípios; adequamos a lei federal que permite que o professor possa usar 1/3 de sua carga horária na preparação de suas aulas; dentre outros aspectos. Todos esses investimentos fizeram com que o Espírito Santo ficasse em primeiro lugar em uma avaliação internacional no ano passado. Avançamos ainda no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.

– Em relação ao mercado de trabalho, o que foi feito para melhorar a oferta de cursos profissionalizantes em todo o Estado?

Hoje temos mais oferta de qualificação. Quem quiser fazer um curso tem todas as condições, pois o Estado oferta, assim como as unidades das escolas técnicas e os municípios. O cidadão que tem interesse em se profissionalizar encontra uma porta aberta no Espírito Santo.

– Quais as principais conquistas obtidas com o Programa de Mobilidade Metropolitana (PMM)? Tem algum projeto pendente que gostaria de ter concretizado em seu governo?

Não vejo nada pendente nesse mandato, tirando o planejamento que fizemos para que nos próximos quatro anos pudéssemos implantar as principais obras do programa, como a Quarta Ponte, o BRT e o aquaviário. Fizemos todo o processo de elaboração dos projetos executivos e participamos dos processos de financiamento, mas infelizmente não conseguimos ganhar a eleição. Vamos deixar preparado para que o próximo governo – se desejar – faça esses investimentos, dando sequência ao processo licitatório. Outras obras estão em andamento como a da Avenida Leitão da Silva, do contorno de Jacaraípe, do contorno do Mestre Álvaro, da leste-oeste, dentre outras. Tivemos também as obras já inauguradas como a duplicação da Avenida Fernando Ferrari e a alça da Terceira Ponte, por exemplo.

– Unir o desempenho econômico com a aplicação de recursos na área social ainda pode ser considerado como um grande desafio a ser superado no Estado?

Temos a necessidade de continuar investindo fortemente na área social. Na saúde, por exemplo, abrimos o Hospital Jayme dos Santos Neves, o Hospital São Lucas e o Hospital dos Ferroviários, além de ampliarmos as nossas parcerias. Mas é óbvio que ainda temos um déficit de leito hospitalar. É preciso continuar fazendo investimentos nessa área como também em segurança pública e educação.

– O senhor recebeu mais de 750 mil votos em todo o Espírito Santo, o que não foi suficiente para sua reeleição. Como foi receber a notícia de que não ficaria mais quatro anos à frente do Executivo Estadual? 

Recebi a notícia com um total respeito pela decisão do povo capixaba. Quem está na política tem que se submeter a esse tipo de processo e às regras. A população me deu uma boa votação, mas não me elegeu e eu tenho que me resignar a essa situação e manter o meu ânimo de trabalho. Até o dia 31 de dezembro irei prestar os melhores serviços como Governador do Estado. Tenho a determinação de continuar fazendo política, lutando pela população e fazendo o trabalho que tenho que fazer como cidadão que compreende a necessidade de continuar militando na vida pública.

– O senhor é secretário-geral nacional do PSB. Como será o seu posicionamento político e quais são os planos após o término do mandato?

Meus planos estão mais ou menos traçados. Primeiro eu vou fazer uma defesa permanente do meu legado, ou seja, não posso ver o que eu produzi nesses quatro anos ser atacado. Sou dirigente partidário local e vou continuar fazendo política com o meu partido, com pessoas e lideranças do Estado. Também sou secretário-geral do PSB nacional e assumi agora a presidência da Fundação João Mangabeira, que é de formação e formulação política do nosso partido no país. Terei tarefas para fazer o debate político no Brasil e irei dividir o meu tempo entre Brasília e outros estados brasileiros além de estar no Espírito Santo fazendo essa política local.

– Então o senhor irá se posicionar na oposição?

Não falei nada de oposição, disse apenas o que eu vou fazer. Mas é lógico que aqui no Estado a população me deu uma tarefa: a de fazer um contraditório com responsabilidade ao projeto eleito. Eu não tenho perfil de fazer uma oposição por oposição, mas é óbvio que iremos construir projetos alternativos junto à sociedade capixaba.

– Podemos esperar alguma candidatura às eleições municipais de 2016?

Isso não está em debate ainda, pois o meu foco é terminar bem o governo até o dia 31 de dezembro. Essa é a minha prioridade e o meu desejo: quero concluir bem aquilo que eu comecei em janeiro de 2011.

– Quais são as suas expectativas para o próximo governo, tanto estadual quando federal?

O Brasil passa por um momento de muita turbulência com dificuldade econômica, crise ética e com instabilidade política.  A presidente Dilma Rousseff terá que ser muito firme para pode estabilizar o Brasil nessas três áreas, dando exemplo para que não sejam deixadas dúvidas com a sociedade. Se ela fizer isso pode estabilizar sua situação fazendo com que o Brasil entre em um ritmo de esperança. Minha expectativa é que ela acerte. Em relação ao Estado, eu deixarei as condições para que o próximo governo faça um excelente trabalho.

 

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